Cultura

Entre dois mundos

No livro Passagens – Literatura judaico-alemã entre gueto e metrópole, Luis S. Krausz analisa as obras de autores judeus menos conhecidos

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por Renato Pompeu

Se os nomes de muitos escritores e pensadores judeus que escreveram em alemão, como Martin Buber, Elias Canetti e Franz Kafka, são bem familiares entre o público culto brasileiro, soam como verdadeiras e bem-vindas revelações as análises emocionadas e profundas sobre obras de autores judeus menos conhecidos, mas de alto valor cultural, como Berthold Auerbach e Joseph Roth, elaboradas por Luis S. Krausz no livro Passagens – Literatura judaico-alemã entre gueto e metrópole.

O grande tema da obra, porém, é o dramático e complexo relacionamento entre os dois mundos da cultura judaica europeia: o tradicional, milenarmente construído sob o signo da eternidade no exílio dos guetos, e o moderno, em que os judeus interessados nas mudanças do Iluminismo e do Capitalismo se desligavam da “ignorância” e do “obscurantismo” por eles detectados na cultura tradicional.

Antes mesmo que o caminho da “civilização” levasse a Auschwitz, esses mesmos judeus modernizados sentiam a nostalgia do mundo do gueto, em que, se as escolhas morais podiam redundar em situações difíceis em relação ao mundo cristão hostil, eram, em si, claras e simples, muito diferentes das difíceis e até trágicas escolhas implícitas na modernidade a que aspiraram “assimilar”. O mundo cristão não encarava esses judeus predominantemente como convidados, e sim primordialmente como intrusos. Chama a atenção também a falta, nos dois mundos judaicos, de mais presença de autoras mulheres.

Passagens – Literatura Judaico-Alemã entre gueto e metrópole


Luis S. Krausz


Edusp-Fapesp, 460 págs, R$64

por Renato Pompeu

Se os nomes de muitos escritores e pensadores judeus que escreveram em alemão, como Martin Buber, Elias Canetti e Franz Kafka, são bem familiares entre o público culto brasileiro, soam como verdadeiras e bem-vindas revelações as análises emocionadas e profundas sobre obras de autores judeus menos conhecidos, mas de alto valor cultural, como Berthold Auerbach e Joseph Roth, elaboradas por Luis S. Krausz no livro Passagens – Literatura judaico-alemã entre gueto e metrópole.

O grande tema da obra, porém, é o dramático e complexo relacionamento entre os dois mundos da cultura judaica europeia: o tradicional, milenarmente construído sob o signo da eternidade no exílio dos guetos, e o moderno, em que os judeus interessados nas mudanças do Iluminismo e do Capitalismo se desligavam da “ignorância” e do “obscurantismo” por eles detectados na cultura tradicional.

Antes mesmo que o caminho da “civilização” levasse a Auschwitz, esses mesmos judeus modernizados sentiam a nostalgia do mundo do gueto, em que, se as escolhas morais podiam redundar em situações difíceis em relação ao mundo cristão hostil, eram, em si, claras e simples, muito diferentes das difíceis e até trágicas escolhas implícitas na modernidade a que aspiraram “assimilar”. O mundo cristão não encarava esses judeus predominantemente como convidados, e sim primordialmente como intrusos. Chama a atenção também a falta, nos dois mundos judaicos, de mais presença de autoras mulheres.

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