Em posse, Regina Duarte cita Chico Buarque e fala em pacificação

Com discurso repleto de pausas dramáticas e gestual, Regina lembrou que recebeu carta branca do presidente Bolsonaro ao assumir a pasta

Regina Duarte abraça Jair Bolsonaro ao tomar posse como secretária Especial da Cultura (Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil)

Apoie Siga-nos no

A atriz Regina Duarte tomou posse nesta quarta-feira 4 como a nova secretária Especial da Cultura do governo federal com um discurso de pacificação. “Meu propósito aqui é pacificação e diálogo permanente com o setor cultural, com estados e municípios, com o parlamento e com os órgãos de controle”, disse.

Mas o caminho da ex-global não dá sinais de que será suave. Um dia antes da posse, Regina entrou na mira do escritor Olavo de Carvalho, que sugeriu à atriz a desistência do cargo. O guru não gostou de saber que a nova secretária dispensou os “olavetes” da equipe.

Numa rede social, o filósofo chegou a sugerir que a atriz desistisse do cargo. “Se a Regina Duarte quer mesmo se livrar de indicados do Olavo de Carvalho, a pessoa principal que ela teria de botar para fora do Ministério seria ela mesma”, escreveu.

Nesta quarta-feira 4, seis integrantes que atuavam em segmentos da pasta da Cultura foram exonerados, entre eles Dante Mantovani, que estava à frente da Fundação Nacional das Artes (Funarte) e ficou conhecido por falar que rock estava ligado ao satanismo.

Os outros exonerados são Paulo Cesar Brasil, presidente do Instituto Brasileiro de Museus; Reynaldo Campanatti Pereira, secretário da Economia Criativa; Rodrigo Junqueira, secretário de Difusão e Infraestrutura Cultural; Camilo Calandreli, secretário de Fomento e Incentivo à Cultura; e Marcos Villaça Azevedo, secretário de Direitos Autorais e Propriedade Intelectual.


Chico Buarque

A cerimônia teve pouco prestígio da classe artística. As atrizes Maria Paula, que por vários anos integrou o elenco do humorístico Casseta & Planeta Urgente, e Rosamaria Murtinho estavam entre os pouco artistas presentes na posse.

Ao agradecer o apoio do general Luiz Eduardo Ramos, ministro da secretaria de Governo, para assumir a secretaria, Regina citou um trecho da letra de Samba de Orly, de Chico Buarque, desafeto declarado do governo Bolsonaro. “Tive muito incentivo do tipo vai, vai lá, segura essa pra gente, antes que um aventureiro lance mão”, disse Regina.

Na letra, Chico Buarque escreve “Vai meu irmão pega esse avião / Você tem razão / De correr assim desse frio / Mas beija meu Rio de Janeiro / Antes que um aventureiro / Lance mão”.

Em discurso repleto de pausas dramáticas, gestual e risadas, Regina lembrou que recebeu carta branca do presidente Jair Bolsonaro para assumir a pasta. “O convite que me trouxe até aqui foi de ‘porteira fechada’ e ‘carta branca’. Foi com esses argumentos que eu me estimulei para trazer uma equipe para colocar a mão na massa”, disse.

 

Leia também

Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

0 comentário

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.