Para uma ontologia do ser social I
György Lukács
Boitempo, 440 págs., R$ 64
Chega às livrarias o primeiro volume de Para uma Ontologia do Ser Social I, uma das maiores obras do filósofo e crítico literário húngaro György Lukács. Escrita em alemão ao longo dos anos 1960, a edição integral (o segundo volume será publicado em 2013) foi impressa na língua original somente em 1984. A obra fundamenta-se nos mais essenciais segmentos a reger a vida do ser social, bem como nas estruturas da vida cotidiana dos homens.
O livro foi traduzido do alemão por Mario Duayer e Nélio Schneider. A apresentação, de José Paulo Netto, não poderia ser mais prazerosa e elucidativa. A pena solta de Netto devassa a alma do filósofo nas primeiras linhas. Ele conta que Ontologia “é parte do legado que Lukács dedicou à sua companheira”.
Gertrud Bortsieber, mulher de Lukács (1885-1971), morreu na década em que ele redigia Ontologia. Escreveu o filósofo: sua “sabedoria” não estava “acima da vida”, “não é uma superioridade teórica”, “é o simples impulso intacto de um autêntico ser humano que quer uma vida com sentido, só realizável na comunidade e no amor”. Por mais de quatro décadas, Gertrud apoiou um marido dedicado febrilmente a seu trabalho. Por nunca ter dito as palavras acima à companheira, Lukács sofreu até sua morte.
Crítico do stalinismo, o autor contribuiu para a renovação da filosofia marxista contemporânea. Como diz Netto, na apresentação, “não haverá nenhum renascimento do marxismo se ela (ontologia) for ignorada”.