É curioso ter ativo em royalty de música cujo lastro apoia-se no ‘jabá’

Chama a atenção investimento em ativos de canções quando se sabe que espaços para execução musical são muitas vezes comprados

Foto: br.freepik.com

Apoie Siga-nos no

Os investimentos em ativos alternativos no Brasil apontam crescimento. A categoria desse tipo de aplicação é diferente do tradicional, que oferece ações, títulos e fundos. Mas possuem riscos.

Está dentro do grupo de ativos alternativos o mercado imobiliário, tendo o investidor aplicado capital na construção de um empreendimento imobiliário, prevendo retorno depois, por exemplo, com aluguel da edificação.

Eles são regulados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e negociados por fintechs, bancos e corretoras, assim como são os ativos convencionais. É considerada uma forma de investimento para diversificar carteira de investidor. E, como qualquer investimento, antes é preciso conhecer o lastro financeiro do ativo para ter mais garantia no negócio.

Entre os ativos alternativos está também a aquisição de direitos de canções e compositores ou royalties de música. Mas o lastro financeiro do segmento é repleto de questionamentos.

No Brasil, assim como em outros países, gravadoras sempre reservaram verba de marketing para compra de espaços em emissoras de rádio e TV para divulgação de seus artistas. São vultosos recursos. Atualmente, cantores pagam também diretamente para ter suas músicas executadas nos meios de comunicação.

Já faz tempo que se tenta criminalizar a prática no Brasil, que tem o nome de “jabá”, pois privilegia poucos em detrimentos de muitos artistas numa concessão pública, que possui como premissa de existência a valorização e promoção da cultura de forma diversa, estimulando a produção independente.


Em uma versão moderna do jabá, descobriu-se mais recentemente que músicos inflam audiência nas plataformas de streaming de música com robôs acessando automaticamente vídeos e áudios, o pagamento de serviços de seguidores que geram “likes” e a negociação financeira para participação em playlists na internet.

Empresas digitais que atuam nesse campo dizem estar coibindo e dificultando a prática. Os meios de comunicação sempre disseram que não compactuam com o jabá. Enquanto isso, um bom posicionamento e presença, seja na internet ou no rádio, possibilita ao artista a realização de mais shows e fechamento de patrocínios.

Investimentos em ativos de royalties de música caminham nessa linha tênue. Podem ser intangíveis, mas existem. Como investir em um catálogo de forró eletrônico ou sertanejo e seus compositores, com canções lançadas e outras ainda a serem lançadas, dentro desse quadro promíscuo? Ou o investimento que será feito será usado justamente para a prática do jabá?

Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

0 comentário

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.