Cultura
Drama isolado
Eu receberia as piores notícias de seus lindos lábios mostra a dramática relação entre um fotógrafo e uma ex-prostituta


Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios
Beto Brant e Renato Ciasca
Como no conjunto irregular de sua filmografia, Beto Brant construiu em Eu Receberia as Piores Notícias dos Seus Lindos Lábios, estreia dia 20, um filme melhor nas partes do que no todo. A sensação que não sem desapontamento perpassa o trabalho agora em parceria na direção com o produtor Renato Ciasca e baseado no livro do seu predileto Marçal Aquino parece mesmo devedora desse modelo de colaborações. Se não, vejamos.
É forte dramaticamente a relação entre um fotógrafo (Gustavo Machado) e uma ex-prostituta (Camila Pitanga) numa vila na Amazônia, amor acossado pela união da jovem com um pastor evangélico que ali atua (Zecarlos Machado). Esse fato anterior, visto então isolado no encontro entre ambos ainda na cidade grande, mesmo que reiterativo, também impacta. Igualmente ao surgir em paralelo, mas não com menos importância, a troca de reflexões entre o fotógrafo e um colunista de jornal, refinado e inesperado aos padrões locais (Gero Camilo).
Material, reconheça-se, mais do que interessante no plano pessoal das relações para ser entrelaçado com um contexto social tão complexo quanto um triângulo amoroso, os conflitos de terras, o desmatamento e as questões indígenas. Mas a costura não se dá na mesma habilidade do que em cada um desses quadros, como se faltasse ali uma mão mais definidora, por conseguinte única. Simbólica, por fim, deste desajuste entre a beleza pontual e um maior sentido geral está a cena da nativa nua à beira do rio, introdutória talvez da revelação ao público do corpo de Camila Pitanga, a essa altura atributo de fama adicional ao filme.
Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios
Beto Brant e Renato Ciasca
Como no conjunto irregular de sua filmografia, Beto Brant construiu em Eu Receberia as Piores Notícias dos Seus Lindos Lábios, estreia dia 20, um filme melhor nas partes do que no todo. A sensação que não sem desapontamento perpassa o trabalho agora em parceria na direção com o produtor Renato Ciasca e baseado no livro do seu predileto Marçal Aquino parece mesmo devedora desse modelo de colaborações. Se não, vejamos.
É forte dramaticamente a relação entre um fotógrafo (Gustavo Machado) e uma ex-prostituta (Camila Pitanga) numa vila na Amazônia, amor acossado pela união da jovem com um pastor evangélico que ali atua (Zecarlos Machado). Esse fato anterior, visto então isolado no encontro entre ambos ainda na cidade grande, mesmo que reiterativo, também impacta. Igualmente ao surgir em paralelo, mas não com menos importância, a troca de reflexões entre o fotógrafo e um colunista de jornal, refinado e inesperado aos padrões locais (Gero Camilo).
Material, reconheça-se, mais do que interessante no plano pessoal das relações para ser entrelaçado com um contexto social tão complexo quanto um triângulo amoroso, os conflitos de terras, o desmatamento e as questões indígenas. Mas a costura não se dá na mesma habilidade do que em cada um desses quadros, como se faltasse ali uma mão mais definidora, por conseguinte única. Simbólica, por fim, deste desajuste entre a beleza pontual e um maior sentido geral está a cena da nativa nua à beira do rio, introdutória talvez da revelação ao público do corpo de Camila Pitanga, a essa altura atributo de fama adicional ao filme.
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