Contratado no auge da pandemia de Covid-19, o agente funerário Mário Cabral passou por um teste de aptidão física antes de ser efetivado na função. O candidato precisava provar ser capaz de abrir uma cova no tempo exigido pelas contingências do momento. Por recomendação das autoridades sanitárias, cada funeral deveria ser realizado em até dez minutos, com poucos familiares autorizados a acompanhar o sepultamento. “Foi um período complicado, fazíamos entre 30 e 35 enterros diários. Os números haviam triplicado e cinco colegas desistiram do trabalho, devido às jornadas extenuantes e a elevada carga emocional”, relembra o servidor do Necrópole do Campo Santo, também conhecido como Cemitério Vila Rio, o maior da cidade de Guarulhos, com cerca 180 mil metros quadrados.
Com experiência anterior na construção civil, Cabral não teve dificuldades de passar no teste físico. Já a prova escrita, bem… Essa etapa foi ainda mais fácil. Graduado em História, o servidor colecionava títulos de especialização e estava prestes a concluir seu mestrado em Ciências Sociais na Unifesp quando prestou o concurso público para coveiro, em 2020. Agora, divide-se entre o ofício e o doutorado em História da Arte pela mesma universidade, com uma pesquisa sobre a difusão, pelas redes sociais, do repente nordestino, da poesia de cordel e da viola caipira
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