Danças Negras (72 min.), de João Nascimento e do coreógrafo Firmino Pitanga, chegou ao cinema em setembro e mais recentemente passou a estar disponível no streaming do Canal Curta!. Nele, há uma série depoimentos de artistas e pesquisadores sobre o tema.
É uma boa reflexão não apenas no âmbito da arte, mas também de questões históricas do negro, a inserção de sua cultura no País e o racismo. No documentário, a dança negra é tratada como um conceito e não exatamente exposição detalhada de sua técnica.
A dança negra é diversa e a sua forma de expressão tem muito a ver com a ancestralidade, com forte influência da religião afro-brasileira. O filme trata da relação dela com a dança moderna e o balé clássico e os desafios de se manter presente na academia e nas escolas de dança.
Destaque no documentário é a participação do coreógrafo americano Clyde Morgan, que foi para a Bahia na década de 1970 desenvolver a dança a partir de sua origem africana.
Ele integrou o grupo de dança contemporânea da Universidade Federal da Bahia. Morgan passou a participar também do bloco Afoxé Filhos de Gandhi. Suas pesquisas e ensino tornaram-se referência na Bahia em relação ao tema.
A peculiaridade da dança na África, com o uso do quadril, aqui sofre histórico preconceito, ainda que de forma velada. A simetria do corpo na maioria das danças negras é a sua marca.
Especificamente na capoeira, um misto de luta, dança e música, o exposto sobre o gingado, como essência e a compensação para o equilíbrio do corpo durante os movimentos de sua execução, fascina.
A dança negra tem história e muito a se aprender e incorporar à dança contemporânea. Esta é a grande consideração a ser observada no documentário.
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