Cultura

Do tamanho da vida

Diretor único, Jean Renoir é dono de um estilo que combina leveza e profundidade

Jean Renoir, profundidade com leveza
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Por José Geraldo Couto

 

“Jean Renoir é o maior cineasta do mundo.” A frase taxativa é de François Truffaut e pode ser contestada. Mas aquilo em que todos concordam é que Renoir (1894-1979) é um diretor único, dono de um estilo a combinar leveza e profundidade, drama e comédia, crítica social


e amor pela vida.

O fato de ser filho do pintor impressionista Auguste Renoir moldou em grande parte sua cultura, sua sensibilidade estética e sua moral. Desde criança conviveu com gente do povo e com a aristocracia intelectual de seu tempo. Completou a formação no front da Primeira Guerra Mundial, da qual saiu com uma coxeadura permanente.

Seus primeiros filmes, ainda mudos, giravam em torno da musa e esposa Catherine Hessling (a última modelo do pai) e eram lúdicos, anárquicos, influenciados pela vanguarda. Mas foi no cinema sonoro que Renoir encontrou o tom, combinando a influência da commedia dell’arte com o cinema americano e a alta cultura europeia.

Em sua fase áurea, os anos 30, encadeou uma série de obras-primas, de A Cadela até A Regra


do Jogo, passando por Toni (tido como precursor do neorrealismo), O Crime de Monsieur Lange, A Grande Ilusão e A Besta Humana.

Exilado nos EUA durante a Segunda Guerra Mundial, tentou adaptar-se a Hollywood sem perder a personalidade, obtendo êxito com Segredos de Alcova e A Mulher Desejada. Filmou também na Índia (O Rio Sagrado). De volta à Europa, fez ainda os notáveis A Carruagem de Fogo e French Can Can.

Qualquer que fosse a locação, o tema ou o gênero, seu cinema exalava calor humano. Como definiu Truffaut, “os filmes de Renoir extraem da vida sua própria vida”.

DVDs

A Cadela (1931)

Funcionário medíocre de uma loja de malhas (Michel Simon), casado com uma megera, torna-se amante da jovem sirigaita Lulu (Jamie Mareze), que ama o gigolô Dede (Georges Flamant). Louco de ciúme, o funcionário parte para o crime. Fritz Lang faria em 1945 um remake (Almas Perversas) deste filme terrível de Renoir.

A Besta Humana (1938)

O maquinista Jacques Lantier (Jean Gabin) vê um homem matar o sujeito que seduziu sua mulher, Séverine (Simone Simon). Lantier torna-se amante de Séverine e esta lhe sugere que mate seu marido. Lantier é bruto e intempestivo e as coisas saem de controle. Adaptação muito pessoal de Renoir do romance de Zola.

A Regra do Jogo (1939)

O marquês de la Cheyniest (Marcel Dalio) convida para um fim de semana de caça em sua casa de campo uma porção de amigos, entre eles o aviador Jurieux, amante de sua esposa Christine (Nora Gregor). Renoir (que aparece como ator, no papel de Octave) retrata com sutileza e humor as máscaras sociais e as relações de classe.

Por José Geraldo Couto

 

“Jean Renoir é o maior cineasta do mundo.” A frase taxativa é de François Truffaut e pode ser contestada. Mas aquilo em que todos concordam é que Renoir (1894-1979) é um diretor único, dono de um estilo a combinar leveza e profundidade, drama e comédia, crítica social


e amor pela vida.

O fato de ser filho do pintor impressionista Auguste Renoir moldou em grande parte sua cultura, sua sensibilidade estética e sua moral. Desde criança conviveu com gente do povo e com a aristocracia intelectual de seu tempo. Completou a formação no front da Primeira Guerra Mundial, da qual saiu com uma coxeadura permanente.

Seus primeiros filmes, ainda mudos, giravam em torno da musa e esposa Catherine Hessling (a última modelo do pai) e eram lúdicos, anárquicos, influenciados pela vanguarda. Mas foi no cinema sonoro que Renoir encontrou o tom, combinando a influência da commedia dell’arte com o cinema americano e a alta cultura europeia.

Em sua fase áurea, os anos 30, encadeou uma série de obras-primas, de A Cadela até A Regra


do Jogo, passando por Toni (tido como precursor do neorrealismo), O Crime de Monsieur Lange, A Grande Ilusão e A Besta Humana.

Exilado nos EUA durante a Segunda Guerra Mundial, tentou adaptar-se a Hollywood sem perder a personalidade, obtendo êxito com Segredos de Alcova e A Mulher Desejada. Filmou também na Índia (O Rio Sagrado). De volta à Europa, fez ainda os notáveis A Carruagem de Fogo e French Can Can.

Qualquer que fosse a locação, o tema ou o gênero, seu cinema exalava calor humano. Como definiu Truffaut, “os filmes de Renoir extraem da vida sua própria vida”.

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A Cadela (1931)

Funcionário medíocre de uma loja de malhas (Michel Simon), casado com uma megera, torna-se amante da jovem sirigaita Lulu (Jamie Mareze), que ama o gigolô Dede (Georges Flamant). Louco de ciúme, o funcionário parte para o crime. Fritz Lang faria em 1945 um remake (Almas Perversas) deste filme terrível de Renoir.

A Besta Humana (1938)

O maquinista Jacques Lantier (Jean Gabin) vê um homem matar o sujeito que seduziu sua mulher, Séverine (Simone Simon). Lantier torna-se amante de Séverine e esta lhe sugere que mate seu marido. Lantier é bruto e intempestivo e as coisas saem de controle. Adaptação muito pessoal de Renoir do romance de Zola.

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