Cultura
Difícil despertar
Como outros jovens, Ginger busca motivo para protestar e o alvo essencial é a guerra nuclear, que a causa um pavor nauseante pela morte iminente
Ginger e Rosa
Sally Potter
Ginger e Rosa, estreia da sexta 19,traz um tema atual, que transferido a um contexto do passado o particulariza e de início causa estranhamento. Na Londres dos anos 1960, a garota Ginger (Elle Fanning) passa por aquela complicada fase na qual a sexualidade aflora e o mundo apresenta cobranças de forma pouco gentil. No caso dela, um pouco menos ainda. A separação dos pais agrava sua crise com a mãe repressora e a joga para o lado paterno, que prefere teorizar sobre o conservadorismo da sociedade e namorar suas alunas ninfetas.
O que aparece hoje como questão habitual, num jogo quase infantil de países como Irã e Coreia do Norte, naquele momento surgia inédito e ameaçador, com questões como os mísseis de Cuba. A diretora Sally Potter atenta a um painel raro no cinema, visto pelo lado dos civis comuns. Explica-se assim o pânico de Ginger quanto ao futuro, situação que viverá ao lado da amiga de infância Rosa (Alice Englert). Essa será responsável por uma reviravolta mais definidora na relação de todos ali do que o medo da bomba atômica. O conflito, na esteira do melodramático, desgasta um tanto o interessante paralelo do despertar de uma menina e o entorno desafiador que a cerca. Por sorte o melhor do embate, a essa altura, já se impôs.
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