Cultura

Dever cumprido

Nossas obrigações democráticas não se restringem a um voto quadrienal

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Faz três semanas que você cumpriu seu dever de cidadão, dando seu voto a um dos candidatos. Você pode ter votado em A convencido de que ele é a melhor solução para sua cidade. Mas também pode ter votado em B porque, se nenhum dos dois o satisfazia, B, mesmo não sendo o candidato ideal, parecia-lhe melhor do que A.

Finalmente, você pode ter votado em A apenas porque não suportaria a ideia de B governando-nos por quatro anos. Tudo isso é da nossa democracia, que, longe de ser perfeita, é melhor do que uma ditadura, em que você não é consultado para nada. 

Bom, e se você já deu seu voto a alguém (contra ou a favor), isso significa que você já cumpriu com seu dever cívico, não é mesmo? Agora é esperar que o eleito faça sua parte. Certo? Errado. A democracia não se encerra na eleição.

A manifestação da vontade popular, ao eleger este ou aquele candidato, é apenas um dos instrumentos da democracia. Ela, a democracia, implica uma série de direitos e deveres permanentes. Direito de manifestação é um deles, liberdade de opinião também. Respeito pelos que professam opinião diferente da sua é um dos principais deveres democráticos.

Muita gente que eu conheço exige tenazmente seus direitos, mas ignora seus deveres. Comportar-se dentro das leis, desde atitudes elementares como parar no semáforo quando estiver vermelho, é seu dever. Ter um telefone celular é seu direito, contudo seu dever é não usá-lo enquanto estiver na direção de um carro.

Nosso dever democrático não se restringe a um voto quadrienal. Você não é um democrata de quatro em quatro anos. Como verdadeiro cidadão, agora toca ficar alerta e fiscalizar o que o eleito estiver fazendo. Você votou nele porque ele prometeu fazer algumas coisas, ou porque negou que faria outras. Pois bem, a cobrança faz parte do jogo democrático.

Talvez você esteja perguntando como fazer isso, essa cobrança, como canalizar seu inconformismo. Existem escolas, sindicatos, igrejas, centros comunitários, associações de bairro, clubes, partidos políticos, enfim, existe uma infinidade de instituições onde as pessoas convivem e que podem servir de canal para que sua opinião ganhe corpo.

O que não pode é fechar-se egoisticamente dentro de sua casa e de lá ficar jogando pedra nos políticos. O homem isolado, esse levita sem peso.

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