Cultura

Cotidiano em forma de arte

Com Gambito Budapeste, o casal Nina Becker e Marcelo Callado lança um disco doméstico, mas não domesticado

Doméstico. Do rock encorpado à balada climática, o novo CD deixa claro o caráter artesanal
Apoie Siga-nos no

por Tárik de Souza

Gambito Budapeste


Nina Becker e Marcelo Callado


YB Music/Bolacha

Surge uma nova fornada de músicas de apartamento. No tempo da bossa-nova era o canto baixinho com violões, talvez preocupado com a vizinhança. Hoje, basta um cantinho, um laptop, o software garage band, e pode sair um disco doméstico, mas não domesticado, como Calma que Tudo É Nosso, do casal Nina Becker e Marcelo Callado, ambos compositores, músicos e cantores. Bossa Nova É Legal linka logo com intimismos anteriores, a faixa de abertura Cadê Você, lamento de uma ausência debruçado nos versos, o braço do sofá me diz/ falta mais um braço aqui/ e mais uma perna aqui/ para você conseguir dormir.

Nome de uma jogada de xadrez e código interno da dupla conjugal, Gambito Budapeste foi coproduzido pelo inquieto Carlos Eduardo Miranda (Raimundos, Skank, O Rappa) e o próprio Callado, baterista da banda Cê de Caetano Veloso e do grupo Do Amor. Com exceção de uma obscura toada do baiano Assis Valente, Armei a Rede (com Arsênio Otoni), gravada, em 1951, por Renato Braga e o Trio Madrigal, todo o repertório é da lavra dos solistas centrais.

Um rock encorpado por camadas de guitarras embala Marco Zero, versão poética do encontro dos dois num carnaval no Recife. A valseada Tucanos crava o início do namoro, também testemunhado por grilos e bem-te-vis, na varanda da casa de Nina, no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. E segue o roteiro até a espera da filha do casal, para setembro, no espiral Futuro, na balada climática De Cor, Coração ou, deduz-se, na estilizada ciranda eletrificada Essa Menina (segue essa sina/ calma que tudo é nosso). Ruídos caseiros, microfonias e até toques de telefone acentuam o caráter artesanal do disco, incentivado pelo produtor Miranda, para “valorizar as emoções, sentimentos, detalhes”. Cotidiano em forma de arte.

por Tárik de Souza

Gambito Budapeste


Nina Becker e Marcelo Callado


YB Music/Bolacha

Surge uma nova fornada de músicas de apartamento. No tempo da bossa-nova era o canto baixinho com violões, talvez preocupado com a vizinhança. Hoje, basta um cantinho, um laptop, o software garage band, e pode sair um disco doméstico, mas não domesticado, como Calma que Tudo É Nosso, do casal Nina Becker e Marcelo Callado, ambos compositores, músicos e cantores. Bossa Nova É Legal linka logo com intimismos anteriores, a faixa de abertura Cadê Você, lamento de uma ausência debruçado nos versos, o braço do sofá me diz/ falta mais um braço aqui/ e mais uma perna aqui/ para você conseguir dormir.

Nome de uma jogada de xadrez e código interno da dupla conjugal, Gambito Budapeste foi coproduzido pelo inquieto Carlos Eduardo Miranda (Raimundos, Skank, O Rappa) e o próprio Callado, baterista da banda Cê de Caetano Veloso e do grupo Do Amor. Com exceção de uma obscura toada do baiano Assis Valente, Armei a Rede (com Arsênio Otoni), gravada, em 1951, por Renato Braga e o Trio Madrigal, todo o repertório é da lavra dos solistas centrais.

Um rock encorpado por camadas de guitarras embala Marco Zero, versão poética do encontro dos dois num carnaval no Recife. A valseada Tucanos crava o início do namoro, também testemunhado por grilos e bem-te-vis, na varanda da casa de Nina, no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. E segue o roteiro até a espera da filha do casal, para setembro, no espiral Futuro, na balada climática De Cor, Coração ou, deduz-se, na estilizada ciranda eletrificada Essa Menina (segue essa sina/ calma que tudo é nosso). Ruídos caseiros, microfonias e até toques de telefone acentuam o caráter artesanal do disco, incentivado pelo produtor Miranda, para “valorizar as emoções, sentimentos, detalhes”. Cotidiano em forma de arte.

ENTENDA MAIS SOBRE: , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.