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Contra os ortodoxos

Bob Wilson encena ousadias para dois textos clássicos

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De Waco para os palcos do mundo, o diretor Bob Wilson usa o mítico talento nas montagens de Três Vinténs e Lulu
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por Álvaro Machado

A parte as expectativas sobre os novos temas e imagens do diretor teatral Bob Wilson, 71 anos, os ingressos para seus espetáculos se esgotam em poucas horas, no lastro da aura quase mítica que esse norte-americano forjou para si desde que, em 1963, saiu da cidade texana de Waco, de 100 mil almas, para estudar arquitetura em Nova York e, a partir daí, conquistar os principais palcos do mundo. Em 2007, na Alemanha, mesmo Barbara Brecht, a temida filha do dramaturgo Bertolt Brecht, autorizou as soluções não ortodoxas, com as quais o americano recheou sua versão para A Ópera dos Três Vinténs. Entre estas, o elenco empastelado com maquiagem branca, como numa tela expressionista de Otto Dix. “Depois de muito suspense, Barbara foi assistir e pronunciou as palavras mágicas Papai teria gostado”, arremedou o diretor na entrevista coletiva concedida em abril,  em São Paulo.

São Paulo assiste tanto a Três Vinténs, concebido em 2008 para a “companhia oficial” do dramaturgo, o Berliner Ensemble, quanto a Lulu, musical a partir de dois textos clássicos do alemão Frank Wedekind (1864-1918), conforme os amalgamou o diretor G.W. Pabst, em 1929, no filme A Caixa de Pandora. Para a protagonista, descrita como beleza irresistível, Wilson chamou a veterana Angela Winkler, 68: “Não importa muito a idade se a intérprete ultrapassa esse dado”, justifica.

O Sesc investe em Wilson como “projeto especial”, e assim o diretor inicia aqui um projeto de ópera para 2014. O tema escolhido é “a metrópole que representa um centro cultural cosmopolita importante em nível mundial e necessita de retratos significativos”. Para o diretor, São Paulo seria “o oposto de Nova York, isolada em termos culturais, consequência de protecionismo financeiro: tudo ali é feito por americanos e para americanos”, critica.Na entrevista, Wilson reavalia sua encenação da peça The Life and Times of Dave Clark, em 1974, no Teatro Municipal paulistano, às vezes às moscas, em atos que duravam de quatro a 12 horas. “Percebo hoje aquela montagem como um momento-chave no modo como passei a produzir internacionalmente”, revela o diretor. De volta ao Municipal paulistano entre 23 e 29 de novembro, enfrenta o desafio de moldar imagens para a ópera Macbeth, de Giuseppe Verdi, em 2013.

por Álvaro Machado

A parte as expectativas sobre os novos temas e imagens do diretor teatral Bob Wilson, 71 anos, os ingressos para seus espetáculos se esgotam em poucas horas, no lastro da aura quase mítica que esse norte-americano forjou para si desde que, em 1963, saiu da cidade texana de Waco, de 100 mil almas, para estudar arquitetura em Nova York e, a partir daí, conquistar os principais palcos do mundo. Em 2007, na Alemanha, mesmo Barbara Brecht, a temida filha do dramaturgo Bertolt Brecht, autorizou as soluções não ortodoxas, com as quais o americano recheou sua versão para A Ópera dos Três Vinténs. Entre estas, o elenco empastelado com maquiagem branca, como numa tela expressionista de Otto Dix. “Depois de muito suspense, Barbara foi assistir e pronunciou as palavras mágicas Papai teria gostado”, arremedou o diretor na entrevista coletiva concedida em abril,  em São Paulo.

São Paulo assiste tanto a Três Vinténs, concebido em 2008 para a “companhia oficial” do dramaturgo, o Berliner Ensemble, quanto a Lulu, musical a partir de dois textos clássicos do alemão Frank Wedekind (1864-1918), conforme os amalgamou o diretor G.W. Pabst, em 1929, no filme A Caixa de Pandora. Para a protagonista, descrita como beleza irresistível, Wilson chamou a veterana Angela Winkler, 68: “Não importa muito a idade se a intérprete ultrapassa esse dado”, justifica.

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