Cultura

Com obras barradas por Bolsonaro, Festival Verão Sem Censura estreia em São Paulo

‘Festival Verão Sem Censura’ é uma resposta da gestão de Bruno Covas (PSDB) aos ataques do governo federal na área da cultura

Com obras barradas por Bolsonaro, Festival Verão Sem Censura estreia em São Paulo
Com obras barradas por Bolsonaro, Festival Verão Sem Censura estreia em São Paulo
Arnaldo Antunes é a atração da abertura do Festival Verão Sem Censura - Foto: Cássio Abreu/Wikimedia Commons
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No fim de janeiro, a cidade de São Paulo será palco da primeira edição do Festival Verão Sem Censura, evento que acolherá todas as manifestações culturais oprimidas pelo presidente Jair Bolsonaro e outras que foram censuradas ainda sob o regime da Ditadura, como a peça Roda Viva, de Chico Buarque. Serão mais de 45 atividades abertas e gratuitas, entre peças de teatro, filmes, debates, shows, exposições, performances e blocos de Carnaval.

Para o secretário Alexandre Youssef, o Verão Sem Censura não é um projeto de antagonismo ao Governo Federal. “É uma medida de valorização da nossa cultura. Uma resistência que luta pelo bem mais valioso da nossa cultura: a liberdade de expressão”. Para ele, trata-se de combater a repressão, a censura e o preconceito produzindo e promovendo coisas “boas, bonitas e fortes”.

A abertura do evento acontece neste sexta-feira 17, na Praça das Artes, com show de Arnaldo Antunes, músico que teve seu videoclipe censurado na TV recentemente. No mesmo dia, o Theatro Municipal recebe, na sacada, o DJ Rennan da Penha, funkeiro idealizador do Baile da Gaiola, preso em março e libertado em novembro.

No dia 18, a Praça das Artes promove também uma exibição do filme Bruna Surfistinha, de Marcus Baldini. O longa-metragem tem sessão seguida de debate com Raquel Pacheco, cuja autobiografia O Doce Veneno do Escorpião inspirou o filme, e a atriz Deborah Secco, que interpreta a ex-prostituta.

Em julho, o presidente Jair Bolsonaro declarou que não poderia “admitir que, com dinheiro público, se façam filmes como o da Bruna Surfistinha”. Na sequência, acontece desfile de moda da Daspu, grife do movimento de prostitutas do Brasil criada por Gabriela Leite, e a festa LGBT Desculpa Qualquer Coisa, com performance do grupo Maravilhosas Corpo de Baile.

Confira a programação completa:

PRAÇA DAS ARTES

17/01

  • 20h – Arnaldo Antunes

18/01

  • 21h30 – Conversa com a Déborah Secco e Raquel Pacheco
  • 22h – Exibição do filme “Bruna Surfistinha”
  • 00h – Daspu – Desfile de abertura
  • 00h30 – Desculpa Qualquer Coisa com performance das Maravilhosas Corpo de Baile

CENTRO CULTURAL SÃO PAULO

17/01

  • 21h – Caranguejo Overdrive – Aquela Cia de Teatro

18/01

  • 21h – Caranguejo Overdrive – Aquela Cia de Teatro

 19/01

  • 15h – Vida Invisível – Sala Lima Barreto

 17 a 31/01

  • Exposição com cartazes de filmes censurados

18/01

  • Circuito SPCine
    • 16h – Sessão de curtas LGBT
    • Vando Vulgo Vendita
    • O Órfão
    • Preciso dizer que te amo
    • Reforma
    • Tea for two
    • Swinguerra

 19 /01

  • Circuito Spcine
    • 15h – Corpo Elétrico
    • 17h – Sessão de médias
    • Verona
    • Nova Dubai
    • 19h – Bixa Travesty

 19/01

  • 20h – Caranguejo Overdrive – Aquela Cia de Teatro

29/01

  • 19h – Exibição do longa metragem “Act and Punishment” – Sala Paulo Emílio
  • 21h30 – Debate com integrantes

30/01

  • 20h – Pussy Riot com participação de Linn da Quebrada

BIBLIOTECA MÁRIO DE ANDRADE

17/01 a 31/01

  • 19h – Banidos – Obras censuradas no decorrer de três séculos fazem parte dessa exposição do acervo de raridades da Biblioteca Mário de Andrade. Incluem-se desde títulos como Comedia Eufrosina, de Jorge Ferreira de Vasconcellos, peça de teatro do século 16 censurada pela Igreja e incluída no Index de livros proibidos; chegando a Capitães da Areia, de Jorge Amado, incinerado em praça pública pelo Estado Novo, em 1937.
  • No dia da abertura, 17 de janeiro, 19h, bate-papo vai reunir Ignácio de Loyola Brandão, romancista brasileiro autor de obras que foram censuradas na época da ditadura; e Laura Mattos, autora do recente Herói mutilado: Roque Santeiro e os bastidores da censura à TV na ditadura. Moderação: Maria Fernanda Rodrigues

 18 e 19/01

  • 19h – O Caderno Rosa de Lori Lamby  – Uma menina de oito anos escreve um diário com peripécias sexuais. Peça baseada em obra homônima de Hilda Hilst, na fronteira onde se encontram a irrealidade, o tabu, o desejo e a inocência da imaginação infantil. Iara Jamra vive o papel, com direção geral de Bete Coelho e direção de arte de Cassio Brasil.

21/01

  • 19h – Cabaré da Fossa – Entre o humor e o drama, essa leitura homoerótica inclui também canções e cenas de filmes e ficará a cargo de Caetano Romão, Ismar Tirelli Neto e Ricardo Domeneck, com a especialíssima participação de Horácio Costa.
  • 19h – Uma aula sobre 1984–  O romance distópico de George Orwell, um dos livros que mais nos fizeram discutir sociedades totalitárias,  acaba de completar 70 anos e será apresentado pela historiadora e antropóloga Lilia Schwarcz, autora do recente Sobre o autoritarismo.

23/01

  • 19h – Erotismo censurado – Uma história de autores  e obras malditos, de Sade a Hilda Hilst, será apresentada nesta aula de Eliane Robert Moraes, filósofa e ensaísta, uma das mais destacadas especialistas em literatura erótica e proscrita. Trechos escolhidos serão lidos pela atriz Helena Ignez.

 24, 25 e 26/01

  • 19h – Navalha na Carne Negra – A peça de 1967 foi vetada pela ditadura, e seu autor, Plínio Marcos, chegou a ter a integralidade de sua obra banida dos palcos. Em cena, tudo começa com o dinheiro deixado pela prostituta Neusa Sueli para seu cafetão Vado. Com Lucélia Sérgio, Raphael Garcia e Rodrigo dos Santos, e direção de José Fernando Peixoto de Azevedo.

 25/01

  • Das 10h às 13h, das 14h às 17h – Oficina de poesia sem censura, com Angélica Freitas – Neste laboratório, comandado pela poeta Angélica Freitas (Rilke Shake, 2007; Um útero é do tamanho de um punho, prêmio APCA 2012) os participantes utilizam o caderno como espaço de experimentação para aguçar suas habilidades poéticas. 20 vagas, oficina sequencial, das 10h às 13h, das 14h às 17h.

28/01

  • 19h – Proibidas – A revista literária “Puñado”, editada por um coletivo de mulheres, vai fazer um clube de leitura especial, com trechos de autoras latino-americanas brancas e negras que foram censuradas, proibidas ou sofreram resistência, seja pelo teor político, seja pelo teor moral. Com Laura Del Rey e Raquel Dommarco Pedrão, organizadoras da Puñado, e as convidadas Hailey Kaas, Jéssica Balbino, Luciana Bento e Vanessa Ferrari.

 29/01

  • 19h – Marighella – Personagem da história política brasileira que enfrentou censura tanto em vida quanto após sua morte é o tema desse diálogo que reúne o escritor e jornalista Mário Magalhães, autor de sua biografia, e Maria Marighella, sua neta, que está à frente do relançamento de volume de escritos, Chamamento ao povo brasileiro. Moderação: Rodrigo Casarin.

 30/01

  • 19h – Mulheres nos Anos de Chumbo – As romancistas Claudia Lage e Maria Valéria Rezende e a historiadora Maria Claudia Badan Ribeiro conversam sobre a escrita ficcional e historiográfica que reconstitui a atuação feminina e a repressão de 1964 à reabertura política. Participação especial de Adelaide Ivánova, que apresentará duas performances. Mediação: Robson Viturino.

 30 e 31/01

  • 19h – Calabar, O Elogio da Traição – Por uma década ficou censurada esta peça de teatro musicada de Chico Buarque e Ruy Guerra que recupera a figura de Domingos Fernandes Calabar, que tomou partido dos holandeses, contra a coroa portuguesa, durante a Insurreição Pernambucana. Esta adaptação para leitura dramática, com onze atores e três músicos, é assinada por Renata Palottini e é um projeto do Observatório de Comunicação, Liberdade de Expressão e Censura, da ECA-USP. Direção de Roberto Ascar e direção musical de Jean Garfunkel.

CENTRO CULTURAL OLIDO

17, 18 e 19/01 – Sala Paissandu

  • 18h – Abrazo – Grupo Clowns de Shakespeare

17, 18 e 19/01 – Sala Olido

  • 21h – Gritos – Cia Dos à Deux

CENTRO CULTURAL DA DIVERSIDADE

18/01

  • 21h     A Mulher Monstro – S.E.M. Cia de Teatro

19/01

  • 19h     A Mulher Monstro – S.E.M. Cia de Teatro

25/01

  • 21h     Sombra – Teatro da Pomba Gira

26/01

  • 19h     Sombra – Teatro da Pomba Gira

TEATRO FLÁVIO IMPÉRIO

18/01

  • 20h – O Crime da Cabra – Cia do Sal

 19/01

  • 19h – O Crime da Cabra- Cia do Sal

29/01

  • 20h – Lembro Todo dia de Você – Núcleo Experimental

30/01

  • 20h – Lembro Todo dia de Você – Núcleo Experimental

VILA ITORORÓ

18 e 19/01

  • 15h – Blitz, o império que nunca dorme – Trupe Olho da Rua

25 e 26/01

  • 20h – Quando Quebra Queima – Coletiva Ocupação

CENTRO CULTURAL DA JUVENTUDE

17 e 18/01

  • 20h – Domínio Público

22/01

  • 20h – Res Pvblica 2023 – Grupo A Motosserra Perfumada

23/01

  • 20h – Res Pvblica 2023 – Grupo A Motosserra Perfumada

CENTRO DE CULTURAS NEGRAS

25 e 26/01

  • 16h – Macacos – Cia do Sal

PRAÇA RAMOS DE AZEVEDO

31/01

  • 23h – Cortejo com a Espetacular Charanga do França
  • 00h – Festa com Tarado Ni Você
  • 01h – Minhoqueens

THEATRO MUNICIPAL

17/01

  • 23h – Rennan da Penha (Sacada)

29/01

  • 20h – Divinas Divas

31/01

  • 19h – Roda Viva
  • 22:30 – Concentração da Espetacular Charanga do França (Na frente do Theatro)
  • 23h – Cortejo: Roda Viva e Espetacular Charanga do França

Observação: Todas as apresentações de teatro serão seguidas de mediação.

 PARCERIA: CASA 1

17 a 31/01

  • Projeto Instituto Temporário de pesquisa sobre censura – um mergulho crítico sobre a trajetória da censura.

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