Cultura

Com “horror a Bolsonaro”, Marina Lima lança EP e deseja deixar SP

Cantora apresenta songbook virtual gratuito e EP com 4 faixas e diz que País vive absurdo

Foto: Candé Salles/Divulgação
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A cantora e compositora Marina Lima disponibilizou em seu site oficial todas as partituras e letras de suas 175 canções gravadas nos 21 álbuns da carreira.

“Há dois anos eu descobri que tinha uma obra. O público sempre me ouviu. Mesmo gente mais nova. Ganhei um violão aos cinco anos. Fui desenvolvendo aos poucos. E o songbook é a melhor ferramenta pra quem gosta de música”, diz ela.

As composições foram transcritas pelo músico e parceiro Giovanni Bizzotto. “Não tenho essa coisa revisionista. Mas queria retribuir meu trabalho ao público. Minha música ainda toca no rádio. Não sou artista popular hoje, já fui, mas continuei fazendo meu trabalho”.

Ela afirma ter conversado com editoras para publicação do songbook, mas depois fez questão que ele ficasse com acesso gratuito às pessoas.

Junto com o songbook digital, Marina Lima lançou um EP intitulado Motim com quatro faixas. “Álbum é igual a um livro, um romance. O EP parece contos, quatro contos, não é um livro”, define.

O EP abre com a canção só dela Pelos Apogeus, com Marina ao violão. A segunda é a faixa-título, assinada com Alvin L. e Giovanni Bizzotto. Depois, vem Kilimanjaro, de Marina Lima, Alvin L. e Alex Fonseca que, segundo a cantora e compositora, é a junção de duas músicas que depois foi letrada por Alvin L., que participa cantando na faixa.

A última é uma pedrada. A composição Nóis, também só da Marina, com participação de Mano Brown fazendo vocalize (emitir sons da melodia). Trecho da letra: “Mas sabe / Uma notícia boa / Quando chega / É, faz tudo luzir / O homenzinho do norte caiu / E logo, (já, já) já, já / Essezinho daqui vai ruir / Vai ruir / É louco / O nosso perfil / Povo largado / A sorte, ao estio / Mas querendo acertar / O pavio / Rezar, pedir, torcer / Pra tudo passar / E que a gente possa / É, de novo beijar”.

Marina diz estar compondo o tempo todo. “Meu dom. Atenção às coisas. A musicalidade acentuada. As possibilidades da canção. Gosto do lugar da canção”, ressalta.

“Todo o meu trabalho é um processo de amadurecimento. De mudança do tempo. A pessoa tem que ser curiosa. Meu segredo reside nos discos. Eles falam do que sou”, explica a permanente contemporaneidade em seu trabalho.

Brasil

Apesar de estar sempre atenta a criação musical, diz que o Brasil tem tirado seu foco. “Esses últimos dias, tenho ficado angustiada com o País. O Brasil não deixa criar. Tira o foco. Está cada vez pior”.

A pandemia, segundo ela, revelou a desigualdade. “O Brasil não pode viver isso. Se a gente não se esforçar, a gente não vai mudar. Não há política social”, ressalta.

“No nosso País o rei tá nu. Tenho horror a Bolsonaro. Não gosto de falar seu nome. A pandemia mostrou que o País é fodido. Esse absurdo que chegou tudo”.

Ela conta que na pandemia tem assistido filmes de arte e história, e também lido. Descobriu a obra de Luc Ferry, filósofo francês e importante pensador contemporâneo. Também tem tocado e estudado. “Música é alegria, tem uma força danada. Pode trazer bons sentimentos. A arte faz bem”.

São Paulo

Aos 65 anos, afirma se sentir livre de julgamentos e de não ter mais dificuldade de dizer não. “Foi uma libertação. Por outro lado, a idade traz limitação física. Sempre fiz o que quis, mas sofria. Hoje não”.

Morando há 11 anos São Paulo, a carioca conta que a cidade foi importante e transformadora. “Mas a pandemia a fez perder o que ela tem de melhor: as pessoas, os contatos. Tenho ficado doente com isso”.

Conta estar aflita há duas semanas e revela desejo de sair da cidade: “Não sei se vou continuar aqui. Não sei o que vai acontecer”.

Mas falou não querer retornar à cidade natal. “Estou chateada com o Rio. Penso lá como um lugar nostálgico”.

Marina Lima pretende lançar o EP Motim e o songbook com sua obra em um espetáculo, virtual ou presencial. “Se for em uma live, será de qualidade”, garante.

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