Cultura
Ciranda de paixões
Em Bem Amadas, Chiara Mastroianni vive, entre uma canção e outra, os ecos de um coração dividido


Bem amadas
Chistophe Honoré
A luz da visita ao Brasil de Anna Karina e a exibição de alguns de seus filmes com Jean-Luc Godard, a estreia na última sexta 20 de Bem Amadas veio confirmar a ativa ressonância da Nouvelle Vague em determinada produção francesa. Certo que o diretor Christophe Honoré já é reconhecido, entre os nomes de sua geração, pela filiação ao movimento cinematográfico com filmes como Em Paris e Canções de Amor. Mas vale ressaltar que o encanto vai além dos recursos similares de repetir os atores, caso de Louis Garrel e Chiara Mastroianni, fazê-los cantar a exemplo de Karina no passado, e ter um parceiro frequente como o compositor Alex Beaupain a assinar a trilha original.
O que assegura uma noção de autoria bem-sucedida a essa comédia musical em dois tempos é o hábito de Honoré em torcer algumas expectativas. Há certo tom sombrio e desiludido quanto aos relacionamentos amorosos dos personagens, evidente em Madeleine, interpretada por Ludivine Sagnier nos anos 1960, que se casa com um médico tcheco e o abandona pelas dificuldades com a Primavera de Praga. Na atualidade, Madeleine (Catherine Deneuve) e sua filha Vera (Chiara, filha de Deneuve com Marcelo Mastroianni) passam pelo mesmo conflito de dúvidas no amor. A mais jovem hesita entre um professor (Garrel) e um músico gay (Paul Schneider), enquanto a mãe, novamente casada, não vacila com o retorno do ex-marido (Milos Forman). A caracterização de um círculo de paixões desatadas configura-se, por fim, uma ciranda entremeada pelas canções como forma de lamento.
Bem amadas
Chistophe Honoré
A luz da visita ao Brasil de Anna Karina e a exibição de alguns de seus filmes com Jean-Luc Godard, a estreia na última sexta 20 de Bem Amadas veio confirmar a ativa ressonância da Nouvelle Vague em determinada produção francesa. Certo que o diretor Christophe Honoré já é reconhecido, entre os nomes de sua geração, pela filiação ao movimento cinematográfico com filmes como Em Paris e Canções de Amor. Mas vale ressaltar que o encanto vai além dos recursos similares de repetir os atores, caso de Louis Garrel e Chiara Mastroianni, fazê-los cantar a exemplo de Karina no passado, e ter um parceiro frequente como o compositor Alex Beaupain a assinar a trilha original.
O que assegura uma noção de autoria bem-sucedida a essa comédia musical em dois tempos é o hábito de Honoré em torcer algumas expectativas. Há certo tom sombrio e desiludido quanto aos relacionamentos amorosos dos personagens, evidente em Madeleine, interpretada por Ludivine Sagnier nos anos 1960, que se casa com um médico tcheco e o abandona pelas dificuldades com a Primavera de Praga. Na atualidade, Madeleine (Catherine Deneuve) e sua filha Vera (Chiara, filha de Deneuve com Marcelo Mastroianni) passam pelo mesmo conflito de dúvidas no amor. A mais jovem hesita entre um professor (Garrel) e um músico gay (Paul Schneider), enquanto a mãe, novamente casada, não vacila com o retorno do ex-marido (Milos Forman). A caracterização de um círculo de paixões desatadas configura-se, por fim, uma ciranda entremeada pelas canções como forma de lamento.
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