Cultura

Cinema: Não era por mais saúde e moradia, realmente

O fatídico junho brasileiro de 2013 é finalmente alçado à condição de protagonista em ‘Mormaço’

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O fatídico junho brasileiro de 2013 é finalmente alçado à condição de protagonista em Mormaço, dirigido pela carioca Marina Meliande. Tributário direto de Aquarius (2016), do pernambucano Kleber Mendonça Filho, o filme aborda o conflito imobiliário instalado no Rio de Janeiro pela vinda da Copa do Mundo e das Olimpíadas ao Brasil. Ambienta-se nos meses que antecedem os Jogos Olímpicos de 2016 e na violência de Estado contra cidadãos, como os moradores da Vila Autódromo, submetidos à remoção.

O junho de 2013 nem aparece, mas todos os sintomas e efeitos colaterais estão ali. A jovem defensora pública Ana tenta evitar o despejo das famílias da Vila Autódromo, enquanto ela própria, moradora de um prédio antigo no centro da cidade, vê-se na iminência de ser desalojada. Personagens colaterais, cosméticos, fazem referência a gente real como Marielle Franco e Marcelo Freixo.

A população pobre, por vezes, faz mais parte da paisagem que da história em si. Ana vive a tragédia social na própria pele alva, na forma de uma doença dermatológica que se espalha pelo corpo num formato que lembra a Floresta da Tijuca. Infelizmente, a tragédia social é tratada como se fosse problema de gente branca  que clama por mais saúde, educação e moradia, sem ter a mínima ideia de que está providenciando o inverso simétrico do que diz reivindicar.

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