Cultura

Cinema de lágrimas

O cineasta Douglas Sirk, que elevou o melodrama à categoria de grande arte, era um sutil detrator da hipocrisia e das paixões destrutivas

Douglas Sirk. Sutil detrator da hipocrisia e das paixões destrutivas. Foto: Keystone/ Getty Images
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O que há em comum entre Almodóvar, Fassbinder e Gilberto Braga? Resposta: os três pagam tributo a Douglas Sirk (1897-1987), o cineasta que elevou o melodrama à categoria de grande arte.

Filho de dinamarqueses, Sirk nasceu em Hamburgo, Alemanha, e estudou direito, filosofia e história da arte (com Erwin Panofsky) antes de dirigir no teatro peças de Shakespeare, Ibsen e Shaw. Entrou no cinema em 1935, na poderosa UFA, em Berlim, mas dois anos depois saiu da Alemanha, fugindo do nazismo.

Dirigiu seu primeiro filme americano em 1943, O Capanga de Hitler, com o mesmo tema (o assassinato de Heydrich) de Os Carrascos Também Morrem (1942), de Fritz Lang, outro  refugiado.

A década de ouro de Sirk foi a de 1950, em que, a par de incursões ocasionais na comédia, no  filme histórico e no western, realizou para a Universal melodramas inesquecíveis: Sublime  Obsessão, Tudo Que o Céu Permite, Chamas Que não Se Apagam, Palavras ao Vento.

Com um estilo marcado pela pintura e pela estilização teatral, por vezes em imagens suntuosas e  exuberante tecnicolor, Sirk retratou sutilmente as paixões destrutivas e a hipocrisia insidiosa que minavam a conformista sociedade americana da época, ainda que suas histórias tivessem final feliz.

Pouco valorizado em seu tempo, foi reabilitado pela Nouvelle Vague e adotado como patrono pelo Novo Cinema Alemão de Wenders, Herzog e Fassbinder. Nos anos 1970, aposentado e de volta à Alemanha, declarou: “Tudo que é indireto é mais forte, porque você deixa para a  imaginação do seu público. No momento em que pretende dar aulas à plateia, você faz um filme ruim”.

DVDs

Herança Sagrada (1954)


Depois da morte do chefe apache Cochise, seu filho mais velho, o pacifista Taza (Rock Hudson), entra em conflito com seu belicoso irmão Naiche (Rex Reason), que está interessado em sua noiva (Barbara Rush). Duas curiosidades deste western: era o filme favorito do próprio Sirk; foi filmado em 3D, mas lançado em 2D.

Tudo Que o Céu Permite (1955)


No interior dos EUA, uma viúva rica (Jane Wyman) tem um romance com seu jardineiro (Rock Hudson), 15 anos mais jovem. As pressões sociais e as convenções morais farão do caso um amor infeliz. Melodrama paradigmático de Sirk, talvez sua obra-prima, com seu par de atores favorito.

Imitação da Vida (1959)


A atriz iniciante Lora (Lana Turner) conhece Annie (Juanita Moore), uma desabrigada, e as duas passam a dividir um apartamento. A filha de Annie, Sarah Jane, tem a pele clara e rejeita a mãe por ser negra. A filha de Lora (Sandra Dee) sente-se rejeitada pela mãe obcecada pelo estrelato. Último filme americano de Sirk.

O que há em comum entre Almodóvar, Fassbinder e Gilberto Braga? Resposta: os três pagam tributo a Douglas Sirk (1897-1987), o cineasta que elevou o melodrama à categoria de grande arte.

Filho de dinamarqueses, Sirk nasceu em Hamburgo, Alemanha, e estudou direito, filosofia e história da arte (com Erwin Panofsky) antes de dirigir no teatro peças de Shakespeare, Ibsen e Shaw. Entrou no cinema em 1935, na poderosa UFA, em Berlim, mas dois anos depois saiu da Alemanha, fugindo do nazismo.

Dirigiu seu primeiro filme americano em 1943, O Capanga de Hitler, com o mesmo tema (o assassinato de Heydrich) de Os Carrascos Também Morrem (1942), de Fritz Lang, outro  refugiado.

A década de ouro de Sirk foi a de 1950, em que, a par de incursões ocasionais na comédia, no  filme histórico e no western, realizou para a Universal melodramas inesquecíveis: Sublime  Obsessão, Tudo Que o Céu Permite, Chamas Que não Se Apagam, Palavras ao Vento.

Com um estilo marcado pela pintura e pela estilização teatral, por vezes em imagens suntuosas e  exuberante tecnicolor, Sirk retratou sutilmente as paixões destrutivas e a hipocrisia insidiosa que minavam a conformista sociedade americana da época, ainda que suas histórias tivessem final feliz.

Pouco valorizado em seu tempo, foi reabilitado pela Nouvelle Vague e adotado como patrono pelo Novo Cinema Alemão de Wenders, Herzog e Fassbinder. Nos anos 1970, aposentado e de volta à Alemanha, declarou: “Tudo que é indireto é mais forte, porque você deixa para a  imaginação do seu público. No momento em que pretende dar aulas à plateia, você faz um filme ruim”.

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Herança Sagrada (1954)


Depois da morte do chefe apache Cochise, seu filho mais velho, o pacifista Taza (Rock Hudson), entra em conflito com seu belicoso irmão Naiche (Rex Reason), que está interessado em sua noiva (Barbara Rush). Duas curiosidades deste western: era o filme favorito do próprio Sirk; foi filmado em 3D, mas lançado em 2D.

Tudo Que o Céu Permite (1955)


No interior dos EUA, uma viúva rica (Jane Wyman) tem um romance com seu jardineiro (Rock Hudson), 15 anos mais jovem. As pressões sociais e as convenções morais farão do caso um amor infeliz. Melodrama paradigmático de Sirk, talvez sua obra-prima, com seu par de atores favorito.

Imitação da Vida (1959)


A atriz iniciante Lora (Lana Turner) conhece Annie (Juanita Moore), uma desabrigada, e as duas passam a dividir um apartamento. A filha de Annie, Sarah Jane, tem a pele clara e rejeita a mãe por ser negra. A filha de Lora (Sandra Dee) sente-se rejeitada pela mãe obcecada pelo estrelato. Último filme americano de Sirk.

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