Cultura

Cine Direitos Humanos exibe filmes sobre o Golpe de 64

Projeto da Prefeitura de São Paulo terá na programação obras como “A Memória Que Me Contam” e “Batismo de Sangue”

Cena do filme "Batismo de Sangue", de 2006
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Durante seis semanas, de 15 de março a 19 de abril, a programação do projeto Cine Direitos Humanos é inteiramente dedicada a obras que tematizam o golpe civil-militar de 1º abril de 1964.

O ciclo reúne sete títulos marcantes da cinematografia brasileira sobre o período iniciado há exatos 50 anos. Serão exibidos os filmes A Memória Que Me Contam, Caparaó, 15 Filhos, Ação Entre Amigos, Em Busca de Iara, Travessia e Batismo de Sangue. A programação integra o projeto Cine Direitos Humanos, da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo.

As sessões, gratuitas, acontecem aos sábados, às 11 horas, no Espaço Itaú de Cinema – Frei Caneca. O projeto é promovido pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo com apoio do Circuito Espaço de Cinema.

Confira a programação

“A Memória Que Me Contam” (2013, 95 min, 14 anos) – em 15 de março
Contando no elenco com Irene Ravache, Simone Spoladore, Otavio Augusto e o ator italiano Franco Nero, o filme gira em torno de uma ex-guerrilhera, ícone do movimento de esquerda, que é o último elo entre um grupo de amigos que resistiu à ditadura militar no Brasil. Na obra, a diretora Lúcia Murat traz a público uma história muito particular, envolvendo não apenas a experiência por ela vivida em decorrência da morte de uma velha amiga, Vera Sílvia Magalhães, mas também as dúvidas que rondam sua mente.

“Caparaó” (2007, 77 min, livre) – em 22 de março
Grande vencedor brasileiro do É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários em 2006 e dirigido por Flavio Frederico (de “Em Busca de Iara”), “Caparaó” retrata a primeira tentativa de luta armada contra o regime militar implantado em 1964 no Brasil. Em 1966, no alto da Serra do Caparaó, uma região montanhosa localizada na divisa dos estados do Espírito Santo e Minas Gerais, um grupo formado em sua maioria por ex-militares expurgados pelo regime se instalou em condições precárias, na tentativa de preparar o que seria uma grande reação nacional contra a ditadura militar.

“15 Filhos” (1996, 20 min, livre) – em 29 de março
Retrata a época da ditadura militar no Brasil por meio da memória de infância dos filhos de militantes presos, mortos ou desaparecidos. Os depoimentos, dentre os quais se incluem os das diretoras do documentário, Maria Oliveira e Marta Nehring, revelam que alguns fatos são comuns: a incerteza quanto ao nome verdadeiro dos pais; o mundo dividido entre o bem e o mal; o período em que passaram presos; e a impossibilidade de compartilhar os acontecimentos com os demais membros da família. Estão incluídas também imagens da queda do presidente Salvador Allende, no Chile, e das dependências da delegacia de polícia, no bairro paulistano do Tatuapé, onde ficavam presas as famílias dos torturados políticos.

“Ação Entre Amigos” (1998, 76 min, 14 anos) – em 29 de março
O longa-metragem do diretor Beto Brant expõe o dilema de quatro ex-militantes do período de resistência à ditadura militar e a possibilidade de se depararem, anos mais tarde, com o torturador do passado. Quatro personagens diferentes, quatro perfis de ex-torturados diferentes que misturaram conformismo com sede de vingança e travaram, pouco a pouco, um debate sobre anistia e justiçamento.

“Em Busca de Iara” (2013, 91 min, 12 anos) – 5 de abril
Com estréia no circuito comercial brasileiro em 28/03, “Em Busca de Iara” resgata a trajetória excepcional da guerrilheira Iara Iavelberg através de uma investigação pessoal de sua sobrinha, Mariana Pamplona, também como roteirista e coprodutora do filme. Iara Iavelberg foi uma mulher culta e bela que deixou para trás uma confortável vida familiar, optando por engajar-se na luta armada contra a ditadura. Vivendo uma rotina de sequestros e ações armadas, era a companheira do ex-capitão Carlos Lamarca, tornando-se um dos alvos mais cobiçados da repressão. O filme desmonta a versão oficial do regime, que atribui sua morte, em 1971, aos 27 anos, a um suicídio.

“Travessia” (2009, 79 min, livre) – 12 de abril
Por meio de histórias de vida sob a ditadura militar, o filme promove uma discussão pública e um debate sobre os caminhos divergentes de luta, a travessia das fronteiras e o Brasil de hoje. Entre as muitas novidades, pela primeira vez a participação reveladora de Maria Paula Caetano, a organizadora das Marchas da Família com Deus pela Liberdade, contra o governo João Goulart.

“Batismo de Sangue” (2007, 110 min, 14 anos) – 19 de abril
O filme é baseado no livro homônimo de Frei Betto que foi lançado originalmente no ano de 1983, e vencedor do prêmio Jabuti, “Batismo de Sangue” se passe em finais dos anos 1960, quando um convento dos frades dominicanos em São Pulo torna-se uma trincheira de resistência à ditadura militar que governa o Brasil. Movidos por ideais cristãos, cinco religiosos passam a apoiar o grupo guerrilheiro Ação Libertadora Nacional, comandado por Carlos Marighella. Eles logo passam a ser vigiados pela polícia e posteriormente são presos, passando por terríveis torturas.

Serviço
Cine Direitos Humanos – Especial Golpe de 1964
Datas: 15 de março a 19 de abril 2014, aos sábados, às 11h00
Local: Espaço Itaú de Cinema – Frei Caneca (Rua Frei Caneca 569, Consolação, São Paulo, tel 11-3472.2368)
Entrada franca

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