Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

Cida Moreira faz 70 anos e é celebrada em canção interpretada por ela

Nesta sexta 12, composição de Arthur Nogueira feita para a cantora é lançada; o compositor destaca a sua importância: ‘Força ética'

Cida Moreira com obra de Gal Oppido em homenagem aos seus 70 anos. Foto: Divulgação

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São 45 anos de carreira, com interpretações profundas e grandiosas, dessa cantora, pianista e atriz admirada por quem cultiva a boa arte. São 11 álbuns e participações em filmes, séries, peças de teatro. Cida Moreira completa 70 anos nesta sexta 12.

Para celebrar, foi lançado nas plataformas digitais pela gravadora Joia Moderna o single A Nobreza do Não com direito a um clipe. A capa do trabalho é do artista plástico Gal Oppido. A composição em letra e melodia é de Artur Nogueira, que também produziu a gravação da música com Cida Moreira em voz e piano.

O paraense Arthur Nogueira é uma das grandes revelações da música, com seis álbuns lançados, composições com grandes parceiros e produções já feitas para o primeiro time da MPB. Ele escreveu a CartaCapital sobre a relevância de Cida Moreira no cenário musical o seguinte texto:

Cida Moreira é uma artista. Mas, afinal, o que é ser artista? A fama não faz um artista. O dinheiro não faz um artista. A imagem não faz um artista. Parece óbvio, mas a arte é o que faz o artista. Cool ou popular, há que se ter a fúria dos definitivos no embate entre si mesmo e o mundo.

Lembro de Ferreira Gullar, em uma entrevista, dizendo que a poesia ‘nasce do espanto, alguma coisa da vida que eu vejo e que não sabia’. Antes de tudo, os verdadeiros artistas preferem o espanto do que não se sabe ou não se vê. E assim, no escuro, como disse o outro grande poeta, ‘seus olhos resplandecem, enormes’.

Desde a primeira vez e até hoje, ver Cida Moreira cantar ao piano renova minha curiosidade pelo mundo e meu desejo de fazer arte no Brasil, apesar do Brasil. Ela sempre me ensina alguma coisa, me faz ver o que nunca vi, com novas perspectivas sobre Kurt Weill, Chico Buarque, Cartola, Tom Waits e até sobre mim mesmo, quando se lança sem medo de cair.


Aos 70 anos de vida e 45 de carreira, Cida Moreira serve à música. Sobre todas as coisas, sua trajetória é o documento da força ética de uma artista em um mundo cada vez mais adoecido por números e visibilidade. Perseguir um tempo sem tempo, que é o tempo das obras ‘que nem o fogo ou o ferro ou a voraz velhice abolirão’, são a sua dor e a sua delícia. Com ela, nada é óbvio, nada apela ou se submete. Eis a nobreza do não.

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