Cultura

Charges sobre a Grande Depressão parecem retratar o Brasil de hoje

Publicadas pela ‘New Yorker’ e reunidas no livro ‘A Graça do Dinheiro’, certas sátiras dos anos 1930 e 1940 mostram-se atualíssimas por aqui

Apoie Siga-nos no

Presentes desde o primeiro número da publicação, em 1925, as charges da New Yorker são admiradas mundo afora pelo humor refinado e certeiro. Verdadeiras crônicas dos acontecimentos e modismos de cada época, muitas das sátiras tornam-se atemporais. Não por acaso, a revista norte-americana, reconhecida por suas aprofundadas reportagens e análises, compilou em livro mais de 400 cartuns sobre a relação do homem com as finanças, da Grande Depressão à crise de 2008.

Organizado por Robert Mankoff, editor das charges da New Yorker, o livro A Graça do Dinheiro traz desenhos de mais de 100 cartunistas, entre eles Peter Arno, George Price, William Steig e Charles Addams. Recentemente, a obra ganhou uma tradução para o português, sob os cuidados da Editora Zahar (272 págs., 69,90 reais). Embora o livro promova um divertido passeio pela economia norte-americana ao longo do século XX, algumas sátiras dos anos 1930 e 1940 parecem atualíssimas. Para nós, brasileiros.

À época, os EUA passavam por prolongado ciclo recessivo, provocado pela quebra da Bolsa de Valores em 1929, que resultou na falência de muitas empresas, no desemprego massivo e em um agudo processo de precarização do trabalho. Difícil passar batido pelas charges da época sem pensar nas atuais dificuldades enfrentadas pelo Brasil.

Veja, a seguir, cinco delas (acompanhadas de provocações deste escriba):

O que justifica a retomada da “confiança” dos industriais e comerciantes com mais de 12 milhões de brasileiros desempregados e 9,2 milhões de famílias endividadas? Talvez o alento de não precisar mais gerenciar os estoques, responde a octogenária charge.

 

Com as terceirizações liberadas, essa conversa pode se tornar cada vez mais corriqueira.

Atenção: não é um discurso da equipe econômica de Temer.

 

O espírito do capitalismo não tem fronteiras. Está globalizado!

 

O pobre Morley estaria arrependido de marchar com os patos da Fiesp?

Ficha técnica

Organização: Robert Mankoff
Introdução: Malcolm Gladwell
Tradutor: Rodrigo Lacerda
Editora Zahar
272 páginas
1ª edição

ENTENDA MAIS SOBRE: ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar