Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

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Banda faz sucesso com lives e compra ônibus para shows presenciais

Daniela Firme, da Rock Beats, conta como saiu de 600 para 100 mil inscritos no Youtube e agora pega a estrada para mostrar seu trabalho

Foto: Divulgação
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Nos três primeiros meses de pandemia, a banda de Brasília Rock Beats não sabia o que fazer. Com a agenda parada, quando antes da quarentena fazia três a quatro shows por semana, mesmo com desânimo, resolveu seguir o caminho das lives, como a maioria dos músicos.

Sem nenhum patrocínio e apoio, mas com divulgação forte nas redes sociais entre as pessoas que já frequentavam show presencial da banda na capital federal, viu potencial no primeiro show sem público realizado no pub que se apresentavam antes da pandemia.

Começou, assim, a produzir lives quase quinzenais do próprio bolso. A banda já era escolada antes em produzir e divulgar seus próprios trabalhos. Passou também a rodar o chapéu virtual e a vender produtos do grupo, algo que já era feito no formato presencial.

A Rock Beats investiu em parcerias a custo baixo para entregar as lives da melhor qualidade possível, com mudanças permanentes na cenografia, iluminação, repertório e apresentações temáticas.

A banda chegou a fazer show virtual na beira do Lago Paranoá – para isso, precisou levar gerador – e num heliponto em cima de um edifício em Brasília. As lives eram longas, levavam várias horas.

“Foi o nosso diferencial”, explica Daniela Firme, líder da Rock Beats, banda criada há 16 anos e que conta ainda com Bruno Albuquerque (guitarra), Alexandre Macarra (contrabaixo) e Kaká Barros (bateria). “Mas deu um trabalho desgraçado. Tivemos que aprender a fazer live. A gente atingiu inicialmente um público nosso, mas depois cresceu, alcançando outros públicos pelo Brasil afora”.

O salto foi grande. De 600 inscritos no Youtube antes da pandemia, dias atrás ultrapassou a marca de 100 mil. Os vídeos no canal são bem acessados. “Com o crescimento de seguidores nas redes, precisava chegar nesse público novo presencialmente”, conta Daniela, hoje com 38 anos, mas que começou a trabalhar com 13 e aos 17 abriu seu primeiro negócio: uma empresa de turismo.

Mas já nesse primeiro trabalho descobriu que gostava de música. E muito. Foi aprender a trabalhar na área, com produção de artista independente. Foi assistente de gravadora, fez curso de áudio, iluminação e foi até roadie. “Toda essa experiência foi essencial”, resume. E agora tem sido imprescindível como nunca.

Vendeu seu Voyage 2012 e com dinheiro de economias da banda comprou um ônibus usado por 60 mil reais. “Inicialmente, pensamos em comprar uma van, mas o ônibus era o mesmo preço e poderia carregar muito mais coisas, inclusive os cenários e a iluminação. E é melhor para viagens mais longas”.

BH-Vitória

Agora, o ônibus está sendo usado para levar a banda – Daniela e quatro integrantes – e mais a equipe de apoio aos locais de shows contratados. No trajeto, a banda tem realizado shows para se apresentar a seguidores da rede social conquistados durante a pandemia.

Numa apresentação particular em Vitória (ES) semanas atrás, o ônibus saiu de Brasília (DF) e parou no caminho em Belo Horizonte (MG), onde realizou show de casa lotada (respeitando o protocolo de distanciamento) no Teatro Sesi Minas, espaço fechado por conta própria e risco. “A base de fãs criada em BH ajudou”, conta.

SP-Curitiba-Não-Me-Toque

A segunda viagem foi em direção a Não-Me-Toque, município no Rio Grande do Sul a cerca de 2 mil quilômetros de Brasília, onde havia também um show contratado. Saindo da capital federal, a Rock Beats parou em São Paulo (SP) para uma apresentação no Teatro Gamaro em 14 de outubro. No dia seguinte, tocou no Teatro Bom Jesus, em Curitiba (PR). O show na cidade gaúcha foi no sábado 16. Segundo Daniela, a nova trip valeu a pena.

A noite de sono é tirada nos assentos leitos do ônibus. O pessoal aproveita para tomar banho nas casas onde se apresenta.

“A gente precisa tocar. Esse é nosso panorama. Trabalhar na pandemia é difícil. Se não tivesse essa ideia louca, a gente teria um show em cada mês. Mas agora a gente está fazendo outros shows no caminho. Estamos ralando pra encher a casa. Produzir evento não é fácil. Mas se as pessoas virem nosso show já é algo importante”, diz Daniela.

O ritmo é “frenético”, segundo a vocalista e guitarrista, para organizar tudo por conta própria. Até habilitação para dirigir ônibus Daniela tirou. “Sempre quis ter um ônibus”, afirma. Atualmente, dois motoristas revezam no volante, mas ela disse que pretende em breve assumir o comando do ônibus.

“É uma tentativa de chegar a outros lugares. As passagens áreas são muito caras. E levar para os shows presenciais a estrutura que montava nas lives, com cenografia etc., mantendo o padrão”.

A próxima viagem de ônibus do grupo é um retorno a Vitória, com previsão de subir a novos palcos pelo caminho. Em dezembro, eles pegam a estrada para apresentação em Mato Grosso. Como se trata de veículo usado, a cantora diz que ele tem dado um ou outro probleminha mecânico de rápida solução e nada que atrapalhe seguir viagem. O veículo foi apelidado de Elizabeth, uma referência à idosa Rainha da Inglaterra.

A Rock Beats toca músicas de Daniela Firme e faz releituras de pop rock desde os anos 1950, nacional e internacional. A vocalista também desenvolve carreira solo e tem três EPs lançados. Nesta pandemia, lançou dias atrás seu segundo single autoral chamado Nosso Planeta.

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