Cultura

Anelis Assumpção: “Mais preocupante é a irresponsabilidade do presidente”

Cantora e compositora diz que Bolsonaro tem ‘argumentação baixa e perversa’

Anelis Assumpção (Foto: Arquivo pessoal)
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Anelis Assumpção teve que interromper seus projetos na música para entrar em quarentena, atendendo as recomendações de combate à pandemia do coronavírus.

A cantora e compositora está com dois livros prontos, mas ainda busca uma editora para lançá-los. Um é infantil de temática da finitude e o outro, de contos e poesias eróticas, com ilustrações do músico Kiko Dinucci, que é também um inspirado artista plástico.

Itamar Assumpção, seu pai, completaria 70 anos de vida ano passado e uma série de atividades foram promovidas, como uma ópera musical que ficou em cartaz por quase três meses.

Dando prosseguimento às homenagens, Anelis irá finalizar este ano projeto do museu virtual para pesquisa sobre o multiartista.

Nesse período de isolamento, a cantora conta que tem trocado muitas mensagens espontâneas de música, letra, harmonia e bases com amigos. Segundo ela, parece um ato “quase desesperado” por conta do enclausuramento.

“Comecei a pensar na possibilidade de realizar um disco estimulada por essa onda. Não tem quem segure a música. É bonito. Um poema acontecendo. A letra. A criatividade melódica”.

Caso transforme mesmo essa reunião de composições recebidas e feitas na quarentena em álbum, este será o quarto depois de Taurina, um trabalho de poesia forte.

Isolamento

Perguntada sobre o que tem feito nesse período de isolamento, ressalta o fato de ter o “privilégio” de poder ficar em casa com a família, mas diz estar ainda tentando estabelecer horários e regras nesse novo momento, e tirar o clima de que não se trata de férias.

“Estamos sobre pressão que faz a gente ter um comportamento bipolar: ora me preocupo com a minha mãe, meu filho, meu marido (o músico e produtor Curumin), ora com um amigo que a mãe está internada, essas pessoas que moram em asilo”.

Mas logo depois revela sua grande inquietação: “Honestamente, o mais preocupante neste momento é a irresponsabilidade do presidente, com declarações tão vis, perigosas, com o poder que ele tem. O poder que lhe foi dado para representar uma nação diante do mundo e ter uma argumentação tão baixa e perversa, contaminando pessoas psicologicamente de ignorância. É tudo que a gente não precisa”.

Para Anelis, o brasileiro sofre ainda mais com o confinamento inédito pela sua característica “expansiva, para fora, de calor, de movimento”.

Pós-epidemia

Sobre o que virá pós-coronavírus, Anelis Assumpção explica que o meio musical já vinha tentando um reposicionamento no mercado com a internet e o streaming (transmissão pela web).

“Sou artista independente com certa dificuldade de entrar no mercado, em alguns momentos por postura minha e muito por resistência do mercado e padrões. Acabo ficando numa certa marginalidade como vários outros”.

A cantora e compositora, porém, conseguiu formar um público, o que significa um avanço importante de entendimento de seu trabalho.

“Vejo o alcance de minha música pela internet. Vejo que elas (as pessoas) estão interessadas em diversidade, em mudança de assunto, em elaborações diferentes sobre o mesmo tema”.

Com o cenário adverso, também impulsionado pela retaliação à cultura registrada desde 2019, Anelis acredita que o Estado precisa olhar o artista como alguém que gera dinheiro ao sistema.

“Não devemos, por conta disso, ficar de fora sobre a avaliação de trabalhador brasileiro”, finaliza.

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