Cultura
Almodóvar sobre o Brasil: “Espero que o povo encontre a solução”
O cineasta espanhol concorre à Palma de Ouro do Festival de Cannes com seu novo filme, Dor e Glória
O cineasta espanhol Pedro Almodóvar concorre à Palma de Ouro do Festival de Cinema de Cannes com seu mais novo filme, Dor e Glória. Em conversa com a imprensa na Riviera Francesa, o diretor falou sobre a trama, baseada em fatos de sua própria vida, mas também de suas fontes de inspiração, entre elas o Brasil. Ele teceu elogios numerosos aos brasileiros, mas lamentou o que qualificou “etapa difícil” que atravessa o país nesse momento.
Como manda o protocolo em Cannes, o diretor e o elenco, composto, entre outros, por Antonio Banderas e Penélope Cruz, concederam uma entrevista coletiva na manhã deste sábado (18), um dia após a projeção oficial do filme. Claramente autobiográfica, a história foi muito bem recebida. E mesmo se o festival não chegou nem na metade, há quem diga que o diretor tem chance de levar, pela primeira vez, a Palma de Ouro.
Durante a coletiva, Almodóvar falou do filme e de suas inspirações. Espontaneamente, disse que mesmo sendo espanhol, se sente “especialmente vinculado com a cultura brasileira”.
“A maior parte da música que escuto quando escrevo é brasileira. É a que mais combina com o ritmo do que estou escrevendo, sem me distrair muito”, contou.
O diretor afirma que conheceu o Brasil “pelas mãos de Caetano Veloso – com quem já colaborou no cinema – e sua mulher Paula (Lavigne), além de seus amigos, que são todos grandes cantores e artistas brasileiros”. No entanto afirma que sua ligação com o país latino-americano é mais profunda. “Quando vi o Brasil pela primeira vez, já havia feito vários filmes. Me identifiquei tanto. Era como se, mesmo sem nunca ter estado ali, as cores que encontrei nos bairros brasileiros e na estética local era a mesma que eu reproduzia em meus filmes”, confessou.
“Espero que o povo brasileiro encontre a solução”
Para explicar, o diretor fez alusão a canção Presentimiento, de Chavela Vargas, na qual a cantora costarriquenha diz ‘antes de te conhecer, te adivinhei’. “Creio que foi algo assim que aconteceu comigo. Antes de conhecê-lo, o Brasil já havia me influenciado, na vibração de suas cores, com uma vitalidade que é quase histérica, pois é uma explosão em todos os sentidos”.
Além dos elogios, Almodóvar falou rapidamente sobre a situação atual do Brasil, um país que o impressiona não apenas visualmente, “mas também por sua cultura e o modo de vida dos brasileiros”. Diretor disse que “lamenta muitíssimo que o país esteja passando por uma etapa tão ruim. Espero que o povo brasileiro encontre a solução, mudando a direção do país”, concluiu.
“Dor e Glória” é um dos 21 filmes na disputa pela Palma de Ouro do Festival de cinema de Cannes, que vai até 25 de maio.
Um minuto, por favor…
O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.
Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.
Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.
Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.
Assine a edição semanal da revista;
Ou contribua, com o quanto puder.