Cultura
Acidez e doçura
Acidez nas letras e doçura na voz, enevoada por painéis sonoros luminosos, desenham o perfil de Norah Jones, uma diva indomada que recusou o pedestal


por Tárik de Souza
…Little Broken Hearts
Norah Jones
A filha do lendário citarista indiano Ravi Shankar, popularizado pelos Beatles, quem diria, era uma nova diva do jazz. Vinte e cinco milhões de compradores do disco Come Away with Me, de 2002, embarcaram na lenda, mais nítida que o fato. Na verdade, Geethali Norah Jones Shankar teve pouco contato com o pai. Nascida em Nova York, criada pela mãe, Sue Jones, em Dallas, aos 16 anos eliminou as extremidades do nome e tornou-se apenas Norah Jones.
Inegável herdeira das habilidades paternas, formou-se em Jazz Piano na University of North Texas. Mas a morena levemente estrábica, de rosto delicado e lábios carnudos,
a despeito da eventual ambientação jazzística e da inclusão de um standard (The Nearness of You), mostrava desde o álbum da estreia mais pendores para o country/folk, a ponto de criar uma banda paralela especializada, The Little Willies.
Mesmo imersa em vendagens decrescentes, Norah (elogiada como atriz em Um Beijo Roubado, de Wong Kar-wai, de 2007), após nove prêmios Grammy, neste quinto disco ousa renovar sua pegada musical sem recorrer ao equivocado nicho antigo. Em 12 parcerias com Brian Burton, o Danger Mouse, do duo Gnarls Barkley, produtor do disco e um dos renovadores da cena “soul”, Norah dilata seu estilo acurado, de vocal confidente.
A dupla somou tarefas. Burton responsabilizou-se por bateria, baixo, guitarra, teclados e arranjos de cordas. Norah tocou piano, teclados, baixo e guitarra, em baladas de rara timbragem (She’s, Good Morning), country estradeiro (Out on the Road, Travelin’ on) e temas levemente sincopados (Say Goodbye, Little Broken Hearts). Acidez nas letras e doçura na voz, enevoada por painéis sonoros luminosos, desenham o perfil de uma diva indomada que recusou o pedestal.
por Tárik de Souza
…Little Broken Hearts
Norah Jones
A filha do lendário citarista indiano Ravi Shankar, popularizado pelos Beatles, quem diria, era uma nova diva do jazz. Vinte e cinco milhões de compradores do disco Come Away with Me, de 2002, embarcaram na lenda, mais nítida que o fato. Na verdade, Geethali Norah Jones Shankar teve pouco contato com o pai. Nascida em Nova York, criada pela mãe, Sue Jones, em Dallas, aos 16 anos eliminou as extremidades do nome e tornou-se apenas Norah Jones.
Inegável herdeira das habilidades paternas, formou-se em Jazz Piano na University of North Texas. Mas a morena levemente estrábica, de rosto delicado e lábios carnudos,
a despeito da eventual ambientação jazzística e da inclusão de um standard (The Nearness of You), mostrava desde o álbum da estreia mais pendores para o country/folk, a ponto de criar uma banda paralela especializada, The Little Willies.
Mesmo imersa em vendagens decrescentes, Norah (elogiada como atriz em Um Beijo Roubado, de Wong Kar-wai, de 2007), após nove prêmios Grammy, neste quinto disco ousa renovar sua pegada musical sem recorrer ao equivocado nicho antigo. Em 12 parcerias com Brian Burton, o Danger Mouse, do duo Gnarls Barkley, produtor do disco e um dos renovadores da cena “soul”, Norah dilata seu estilo acurado, de vocal confidente.
A dupla somou tarefas. Burton responsabilizou-se por bateria, baixo, guitarra, teclados e arranjos de cordas. Norah tocou piano, teclados, baixo e guitarra, em baladas de rara timbragem (She’s, Good Morning), country estradeiro (Out on the Road, Travelin’ on) e temas levemente sincopados (Say Goodbye, Little Broken Hearts). Acidez nas letras e doçura na voz, enevoada por painéis sonoros luminosos, desenham o perfil de uma diva indomada que recusou o pedestal.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.