Cultura
A escritora e seus fantasmas
Em Manifesto, Bernardine Evaristo, primeira autora negra a ganhar o Booker Prize, esmiúça a criação literária e fala sobre política e perseverança
Bernardine Evaristo sempre sonhou ganhar o Booker Prize. Quando Lara, romance em versos que ficcionaliza a história de sua família, foi publicado, em 1997, ela escreveu uma nota dizendo que um dia receberia o prestigioso prêmio. “Uma louca fantasia, porque eu estava tão longe de ganhá-lo quanto poderia estar. No entanto, tinha visto como ganhar esse prêmio podia melhorar a carreira dos escritores”, diz ela, em Manifesto – Sobre Nunca Desistir, livro de memórias sobre perseverança.
Mais de 20 anos depois, em 2019, Bernardine ganharia o Booker por Garota, Mulher, Outras (Companhia das Letras, 2020), romance de múltiplas vozes sobre a feminilidade negra britânica. Mas o prêmio foi dividido com Margaret Atwood. A decisão gerou polarizações. Alguns disseram ser uma decepção que as regras fossem rompidas para dividir o prêmio, justamente na primeira vez que uma mulher negra era vencedora. Em Manifesto, ela deixa clara sua posição: “Duas mulheres, duas raças, duas nações, duas gerações – dois membros da raça humana”.
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