A Companhia das Letras é especialista em esquecimentos, e poderia citar mais de um, perpetrados com impunidade total, a mesma de que goza o demente Jair Bolsonaro. No caso, a editora esqueceu-se ao publicar um Inferno de Dante (ou nunca soube) que a sua personagem é a consciência da própria Renascença. Com ele começa no alvorecer do século XIV para logo desaguar na obra de Petrarca e Boccaccio. Pergunto-me se é bom publicar apenas o Inferno de Dante, embora reconheça a força da palavra, tão evocativa do Brasil de Bolsonaro.
De todo modo, a editora avisa que logo alcançaremos o Limbo e o Paraíso. Permito-me sugerir que os organizadores da publicação leiam neste ínterim a monumental obra de Francesco De Sanctis, grande pensador do século XIX. Para iluminar a mudança fundamental na história da cultura humana, é bom esclarecer que como promotores do novo tempo cabem perfeitamente Giotto e mesmo São Francisco, autor dos Fioretti. Com Francisco iniciou-se todo o movimento que pretendeu renovar a Igreja Católica, enquanto Dante escreveu a respeito de Giotto:
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