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A beleza hipnótica dos vulcões

O Fogo Interior: Um Réquiem para Katia e Maurice Krafft, filme de abertura da Mostra Ecofalante, congrega alguns dos temas-fetiche do diretor Werner Herzog

A beleza hipnótica dos vulcões
A beleza hipnótica dos vulcões
Streaming. O documentário sobre os dois vulcanólogos está disponível na plataforma Aquarius – Imagem: MUBI
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No recém-lançado livro Cada Um Por Si e Deus Contra Todos: ­Memórias (Editora Todavia, 368 págs., 99,90 reais), fica claro o fascínio do diretor alemão Werner Herzog por missões exploratórias, sejam elas espaciais, terrestres ou submarinas, e por aventureiros de diferentes perfis.

O Fogo Interior: Um Réquiem para Katia e Maurice Krafft, que abriu a 13ª Mostra Ecofalante de Cinema, em São Paulo, na quarta-feira 31, é, nesse sentido, um “puro Herzog”.

Katia e Maurice, os protagonistas do documentário, morreram, com outras 41 pessoas, envoltos no “fluxo piroclástico” decorrente da erupção de um vulcão, no Monte Unzen, no Japão, em 1991.

O filme, que está disponível desde março no streaming, na plataforma Aquarius, foi construído a partir das 200 horas de filmagens produzidas pelos vulcanólogos ao longo de suas vidas. Herzog, como fez em outras vezes, as articula a partir da própria narração, em off, e de uma montagem que atribui significados a tudo aquilo.

Logo no início do documentário, ouvimos Maurice, um dia antes de morrer, dizer a um jornalista: “Nunca tenho medo, porque eu vi tantas erupções nos últimos 25 anos que, se eu morrer amanhã, não me importo”.

Mais adiante, Herzog reflete sobre sua matéria-prima de seu ensaio visual: “Eles não são mais vulcanólogos. São artistas que nos levam, a nós espectadores, para um reino de estranha beleza”.

Trata-se, de certa forma, da mesma estranha beleza vista por ele nos astronautas que protagonizaram Além do Azul Selvagem (2005); no voo de esqui mostrado em O Grande Êxtase do Entalhador Steiner (1974); ou nas imagens da Caverna Chauvet retratadas em A Caverna dos Sonhos Esquecidos (2010).

A natureza em estado bruto e a relação do homem com ela são elementos fundantes do cinema de Herzog, que está com 81 anos. Não por acaso, ele é um nome-chave da Ecofalante, uma vitrine para as produções ligadas às temáticas socioambientais no País.

Em sua sétima edição, o festival promoveu uma retrospectiva com 18 trabalhos do diretor de filmes como Também os Anões Começam Pequenos (1969), O Enigma de Kaspar Hauser (1974), Fitzcarraldo (1982) e O Homem Urso (2005).

Na edição deste ano, 122 títulos vindos de 24 países serão exibidos gratuitamente em diferentes salas de São Paulo, até o dia 14 de agosto.

Publicado na edição n° 1322 de CartaCapital, em 07 de agosto de 2024.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘A beleza hipnótica dos vulcões’

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