Cultura
A Amiga Alemã
Há muito Wim Wenders não se debruça de maneira tão dedicada sobre um projeto como faz agora


PINA
Wim Wenders
Por Orlando Margarido
Sobre Pina, o documentário de Wim Wenders que estreou na sexta 23, é forçoso assinalar dois méritos de imediato.
Há muito o cineasta referencial de uma nova onda alemã nos anos 60 não se debruça de maneira tão dedicada sobre um projeto como faz agora, um tanto disperso como anda em dramas inócuos a exemplo de Palermo Shooting.
Também foi especialmente habilidoso em empregar de forma inédita o 3D numa configuração artística que se mostra feliz e justificada pelo próprio material que tem em mãos. Bem verdade que tal material é nada menos que a dança revolucionária de Pina Bausch, a coreógrafa sua conterrânea morta em 2009. Ambos planejavam juntos o filme, com cenas já gravadas de coreografias famosas como Café Muller, apresentada no Brasil, quando Wenders precisou seguir sozinho.
Nunca saberemos o resultado se o projeto fosse finalizado em duo. Mas é provável que a fundadora do Tanztheater, companhia ainda em atividade na cidade de Wuppertal, tenha influenciado numa concepção que Wenders é correto em manter. Além de recriar para o filme as principais peças do grupo, ele registra par a par ou de maneira individual os bailarinos de Pina em coreografias inspiradas segundo o pensamento deles sobre dança e os ensinamentos da mestra. Alguns estão ali de longa data ou pertencem a uma segunda geração e, a partir de seus depoimentos, a câmera sai do palco oficial da casa e ganha ruas, outros ambientes fechados e paisagens inesperadas. Com uma visão de entusiasta, o diretor se deixa contaminar pela originalidade e força de um projeto, elementos que já foram integrantes de seu cinema, como pode ser comprovado na caixa de quatro DVDs que a Vinny Filmes lança agora, inclusive com o referencial O Amigo Americano.
PINA
Wim Wenders
Por Orlando Margarido
Sobre Pina, o documentário de Wim Wenders que estreou na sexta 23, é forçoso assinalar dois méritos de imediato.
Há muito o cineasta referencial de uma nova onda alemã nos anos 60 não se debruça de maneira tão dedicada sobre um projeto como faz agora, um tanto disperso como anda em dramas inócuos a exemplo de Palermo Shooting.
Também foi especialmente habilidoso em empregar de forma inédita o 3D numa configuração artística que se mostra feliz e justificada pelo próprio material que tem em mãos. Bem verdade que tal material é nada menos que a dança revolucionária de Pina Bausch, a coreógrafa sua conterrânea morta em 2009. Ambos planejavam juntos o filme, com cenas já gravadas de coreografias famosas como Café Muller, apresentada no Brasil, quando Wenders precisou seguir sozinho.
Nunca saberemos o resultado se o projeto fosse finalizado em duo. Mas é provável que a fundadora do Tanztheater, companhia ainda em atividade na cidade de Wuppertal, tenha influenciado numa concepção que Wenders é correto em manter. Além de recriar para o filme as principais peças do grupo, ele registra par a par ou de maneira individual os bailarinos de Pina em coreografias inspiradas segundo o pensamento deles sobre dança e os ensinamentos da mestra. Alguns estão ali de longa data ou pertencem a uma segunda geração e, a partir de seus depoimentos, a câmera sai do palco oficial da casa e ganha ruas, outros ambientes fechados e paisagens inesperadas. Com uma visão de entusiasta, o diretor se deixa contaminar pela originalidade e força de um projeto, elementos que já foram integrantes de seu cinema, como pode ser comprovado na caixa de quatro DVDs que a Vinny Filmes lança agora, inclusive com o referencial O Amigo Americano.
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