CartaExpressa
‘Travesti tem que apanhar’: Mulher trans e namorado são agredidos em feira agropecuária
O caso aconteceu em Franca, no interior de São Paulo. A vereadora Erika Hilton e o ativista Guilherme da Costa Aguiar apresentaram uma representação no Ministério Público
Uma mulher trans e seu namorado foram agredidos durante um show da dupla sertaneja Henrique e Juliano na madrugada desta sexta-feira 27, na ExpoAgro, em Franca, no interior de São Paulo.
O vídeo mostra um homem brigando no chão com o namorado e a mulher, que preferiu não ser identificada, tentando separá-los. Na sequência, um segundo homem, identificado como Augusto César, aparece e desfere socos no rosto da vítima. Ao ser confrontado por outros homens, ele justifica a ação dizendo “é travesti, é travesti, travesti tem que apanhar”.
Segundo ela, a briga começou quando o casal e uma amiga estavam próximos ao banheiro, momento outro grupo começou a desferir ofensas transfóbicas e homofóbicas. Em entrevista ao G1, a mulher contou que os agressores utilizaram expressões como “viadinhos” e ao serem questionados por ela, partiram para a agressão.
“A todo momento só tentava tirar o meu namorado de lá, porque eu estava com medo dos dois irem nele. Muita gente falou para ele [Augusto] que eu era mulher e ele falava ‘não é mulher não, é travesti, tem que apanhar.”
Segundo a amiga do casal, Gabriela Oliveira, as pessoas ao redor deixaram de tentar impedir o agressor ao saberem que se a vítima era uma mulher trans.
Ainda na sexta-feira, o casal registrou um boletim de ocorrência por lesão corporal, mais tarde alterado para crime de transfobia.
Ao G1, o mestre de obras Augusto César negou que tenha dito que a mulher deveria apanhar. Segundo ele, a fala serviu para alertar outros homens de que se tratava de uma mulher trans, pois eles estariam tentando agredí-lo “ao achar que ele estava agredindo uma mulher”.
Nesta segunda-feira 30, a vereadora Erika Hilton e o ativista Guilherme da Costa Aguiar apresentaram uma representação no Ministério Público cobrando posicionamento da prefeitura de Franca e dos organizadores do evento, que não prestaram socorro às vítimas, e solicitando a abertura de uma investigação do ocorrido.
Assista ao vídeo:
Um minuto, por favor…
O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.
Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.
Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.
Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.
Assine a edição semanal da revista;
Ou contribua, com o quanto puder.