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Terceiro dia de julgamento da boate Kiss é marcado por discussão e interrupção da sessão
Uma confusão marcou o terceiro dia de julgamento sobre o caso da boate Kiss e chegou a interromper a sessão no Foro Central de Porto Alegre, nesta sexta-feira 3. O primeiro a ser ouvido foi o gerente da loja onde foram comprados os artefatos pirotécnicos que […]


Uma confusão marcou o terceiro dia de julgamento sobre o caso da boate Kiss e chegou a interromper a sessão no Foro Central de Porto Alegre, nesta sexta-feira 3.
O primeiro a ser ouvido foi o gerente da loja onde foram comprados os artefatos pirotécnicos que deram ao início ao incêndio na boate, Daniel Rodrigues da Silva.
Durante seu depoimento, o gerente disse que os artefatos Sputnik e Chuva de Prata, usados no dia do incêndio, não podem ser usados dentro de locais fechados. “O uso indoor por si só é perigoso”, afirmou, ao ser questionado pelo juiz Orlando Faccini Neto.
O artefato foi comprado por um dos réus, Luciano Bonilha, produtor e auxiliar de palco da banda Gurizada Fandangueira. Ainda segundo o gerente, Luciano foi orientado sobre a utilização correta dos fogos. “O funcionário teve o diálogo com o Luciano, sempre instruímos”. O fogo do tipo Sputnik deve ser acionado à distância e possui instruções na embalagem, detalhou o depoente.
Questionado pela defesa de Luciano Bonilha, Daniel detalhou o funcionamento de diferentes tipos de artefatos. A defesa questionou, por exemplo, se o funcionário que fez a venda poderia ter vendido um artefato chamado vela indoor no lugar de um dispositivo chuva de prata, que foi usado durante a festa, e cujas faíscas iniciaram o incêndio.
O desentendimento se deu quando Daniel questionou uma pergunta feita pela defesa de Bonilha sobre fiscalização em sua loja e, depois, se negou a ler o rótulo de uma caixa de fogos de artifício. A sessão chegou a ser interrompida por dez minutos.
Nova confusão entre a testemunha, o advogado Jean Severo (defesa de Luciano) e o juiz Orlando Faccini. Presidente da associação de vítimas, Flávio da Silva, se levanta e discute com advogado. #JuriDaKissNaRBSTV pic.twitter.com/fiWiqlVK4M
— Josmar Leite (@josmarleite) December 3, 2021
O caso da boate foi a júri oito anos após a tragédia que matou 242 pessoas e deixou 636 feridas em 27 de janeiro de 2013, na cidade gaúcha de Santa Maria. Todas foram vítimas de um incêndio, que começou no palco, onde se apresentava uma banda, e logo se alastrou, provocando muita fumaça tóxica.
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