CartaExpressa
Teich critica o Conselho Federal de Medicina por não reprovar o uso da cloroquina
‘Acho uma postura inadequada’, disse o ex-ministro; ele destacou que não há qualquer comprovação de eficácia
O ex-ministro da Saúde Nelson Teich criticou a postura do Conselho Federal de Medicina pela não reprovação do uso da cloroquina contra a Covid-19. O medicamento, que não tem qualquer eficácia comprovada no combate à doença, segue autorizado pelo CFM.
“Acho uma postura inadequada, porque pode estimular o uso de um remédio que a gente não tem comprovação, em condições em que o paciente pode estar mais exposto a não ter os cuidados necessários para o uso do medicamento. Então eu sou contrário”, disse Teich em depoimento à CPI da Covid.
No ano passado, o CFM aprovou parecer que facultou aos médicos a prescrição da cloroquina e da hidroxicloroquina para pacientes com sintomas leves, moderados e críticos de Covid-19.
Durante audiência pública no Senado em 19 de abril deste ano, o vice-presidente do conselho, Donizette Giamberardino Filho, afirmou que o órgão autorizou o uso ‘fora da bula’, “firmando consentimento esclarecido [médico] e informado [paciente]”.
Na ocasião, questionado por senadores sobre uma revisão da posição do CFM diante de evidências científicas de ineficácia da cloroquina, Giamberardino Filho disse que a entidade frequentemente reavalia condutas, mas que, nesse caso, só uma decisão de plenária poderia reverter a orientação dada em abril do ano passado. “O Conselho Federal estuda a todo momento. Esse parecer pode ser revisto? Pode, mas é uma decisão de plenária, eu não posso fazer isso por minha opinião. O que eu repito é que a autonomia é limitada ao benefício. Quem ousa passar disso, responde por isso”.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.


