CartaExpressa
Santos Cruz reage à decisão do Exército de não condenar Pazuello: ‘Vergonha’
O general teceu críticas ao presidente Bolsonaro e afirmou que a ação é alinhada ao seu projeto pessoal de poder
O ex-ministro da Secretaria de Governo, o general da reserva Santos Cruz, considerou como “vergonha” a decisão do
Exército de não punir o ex-ministro da Saúde e general da ativa, Eduardo Pazuello, por ter comparecido a um ato político junto com o presidente Jair Bolsonaro no dia 23 de maio. Cruz publicou um texto em suas redes sociais nesta sexta-feira 4 se manifestando sobre o caso.
“Ontem, 3 de junho de 2021, fui surpreendido com telefonemas e mensagens de dezenas de jornalistas sobre o encerramento do caso Pazuello. Em atenção ao trabalho que fazem, sempre respondo, mesmo que seja para informar que nada tenho a dizer. Mas ontem eu não disse nada. Por vergonha”, diz a introdução da publicação.
VERGONHA!
Fui surpreendido com telefonemas e mensagens de dezenas de jornalistas sobre o encerramento do caso Pazuello. Sempre respondo, mesmo que seja para informar que nada tenho a dizer. Mas ontem não disse nada. Por vergonha.Texto completo no linkhttps://t.co/Fmggbu4H47
— General Santos Cruz (@GenSantosCruz) June 4, 2021
Ainda durante o texto, o general tece críticas ao presidente Bolsonaro e afirma que a ação é alinhada ao projeto pessoal de poder do mandatário.
“Sobre o conjunto dos fatos, é uma desmoralização para todos nós. Houve um ataque frontal à disciplina e à hierarquia, princípios fundamentais à profissão militar. Mais um movimento coerente com a conduta do Presidente da República e com seu projeto pessoal de poder. A cada dia ele avança mais um passo na erosão das instituições”, escreveu.
“Falta de respeito pessoal, funcional e institucional. Desrespeito ao Exército, ao povo e ao Brasil. Frequentemente, com sua conduta pessoal, ele procura desrespeitar, desmoralizar pessoas e enfraquecer instituições”, acrescentou.
Na sequência, Cruz critica a politização das Forças Armadas e afirma que não se pode aceitar a subversão da ordem, disciplina e hierarquia no Exército.
“Não se pode aceitar a SUBVERSÃO da ordem, da hierarquia e da disciplina no Exército, instituição que construiu seu prestígio ao longo da história com trabalho e dedicação de muitos. Péssimo exemplo para todos. Péssimo para o Brasil. À irresponsabilidade e à demagogia de dizer que esse é o “meu exército”, eu só posso dizer que o “seu exército” NÃO É O EXÉRCITO BRASILEIRO. Este é de todos os brasileiros. É da nação brasileira.” afirmou.
“A politização das Forças Armadas para interesses pessoais e de grupos precisa ser combatida. É um mal que precisa ser cortado pela raiz”, finalizou.
Relacionadas
CartaExpressa
Comandante do Exército cobra ‘previsibilidade orçamentária’ em cerimônia com Lula
Por André LucenaCartaExpressa
Castro confirma participação em ato de Bolsonaro e deve usar o palanque para se defender
Por CartaCapitalCartaExpressa
Bolsonaro tenta retirar Zanin do julgamento de recurso contra inelegibilidade
Por CartaCapitalCartaExpressa
Formação de professores terá que ser pelo menos 50% presencial, decide Conselho Nacional de Educação
Por CartaCapitalApoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.
Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.