O ministro da Educação, Milton Ribeiro, admitiu, em entrevista à CNN Brasil nesta quarta-feira 23, que os pastores Arilton Moura e Gilmar Santos, suspeitos de atuar em um gabinete paralelo no MEC, são alvos de uma investigação por parte da Controladoria-Geral da União desde o ano passado.
Ribeiro, que não utilizou o termo ‘propina’, disse ter solicitado a investigação ao ministro Wagner Rosário depois de receber uma denúncia anônima de que os pastores atuariam mediante ‘possível prática desse tipo de pedido, intermediação’.
Mesmo após a abertura da apuração, o ministro recebeu o pastor Arilton Moura quatro vezes em seu gabinete – segundo ele, para não alertar o investigado.
“Um dos pedidos que me fizeram lá na CGU é que, naturalmente, não falasse que eles estavam sendo investigados”, disse o ministro, que alegou não ter aceitado mais nenhuma agenda com os pastores fora do MEC com a investigação em curso.
Nesta quarta-feira 23, o prefeito Gilberto Braga (PSDB), de Luis Domingues, no Maranhão, acusou Moura de pedir 1 quilo de ouro em troca da liberação de verbas à sua prefeitura. O pedido, de acordo com ele, teria sido feito em um restaurante em Brasília na presença de mais de 20 gestores municipais.
Ainda durante a entrevista, o ministro da Educação afirmou não saber da prática e ponderou que sua relação com o pastor era positiva no campo religioso. “A minha convivência com o Arilton sempre foi boa, perfeita em termos de culto. O que acontecia para fora, se pediu dinheiro, ouro, para mim é novidade.”
“Se for provado que eles fizeram, fui no caso, enganado. Mas, até agora, não tenho notícias de que essa prática era feita”, acrescentou o ministro.
Ribeiro negou atuar para apoiar prefeituras ligadas aos pastores e tentou justificar o trecho de um áudio em que diz ‘atender a todos que são amigos do pastor Gilmar’.
“É uma cortesia que faço com vários parlamentares, ‘olha, ele que manda aqui, ele que vai indicar’, mas tecnicamente, não tenho condição, legitimidade e competência para indicar nada.”
O ministro também disse não haver apoio do governo federal para a construção de igrejas, como também indicado em um trecho do áudio vazado. “Quando faço e falo essa afirmação estou dizendo que, no caso dos prefeitos, a simpatia deles ao pastor é evidente, por estarem juntos, mas não peço apoio financeiro, nem de qualquer natureza, falo em termos de presença nos cultos, coisas do tipo.”
Ele novamente buscou blindar o presidente Jair Bolsonaro e disse que o ex-capitão apenas pediu para que ele recebesse os pastores. Também revelou que, após a divulgação dos áudios, recebeu um telefonema de Bolsonaro, que disse ‘não ter visto nada demais’ no conteúdo da gravação e ainda garantiu a sua permanência no MEC, ‘de acordo com a sua confiança’. Ribeiro garantiu não ter pensado em deixar o cargo.
O ministro bolsonarista disse, por fim, ter encontrado em contato com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e se colocou à disposição do Parlamento para comparecer a uma sessão.
Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.
Já é assinante? Faça login