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Presidente da Funai vira réu por descumprir acordo para demarcação de terra indígena

Marcelo Xavier é delegado da PF em SP e próximo de deputados da bancada ruralista

Presidente da Funai vira réu por descumprir acordo para demarcação de terra indígena
Presidente da Funai vira réu por descumprir acordo para demarcação de terra indígena
O presidente da Funai, Marcelo Xavier, e o Cacique Damião, da Terra Indígena da Marãiwatsédé. Foto: Mário Vilela/Funai
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O presidente da Funai, Marcelo Xavier, virou réu, acusado de improbidade administrativa. O motivo: desobedecer uma série de decisões em um acordo judicial para que a autarquia se comprometesse a avançar na demarcação da terra indígena Munduruku, na região de Santarém, no Pará.

Ao todo, Marcelo Xavier descumpriu seis decisões e atentou contra os princípios da administração pública. Nesse mesmo acordo judicial que se negou a cumprir, Xavier já foi multado em mais de 270 mil reais. As decisões que o presidente da Funai deixou de obedecer eram referentes à segunda etapa de trabalho de campo para produzir o Relatório Circunstanciado de Identificação e Delimitação da TI Munduruku.

De acordo com o MPF, havia orçamento para isso. Com o processo de improbidade, ele ficará também sujeito às penas previstas na Lei de Improbidade Administrativa: perda dos direitos políticos, proibição de contratar com o Poder Público e multa.

Marcelo Xavier é delegado da Polícia Federal de São Paulo. É próximo de deputados da bancada ruralista e do Secretário de Regularização Fundiária, Nabhan Garcia. Um dos fundadores da União Ruralista, Garcia chegou a nomear Xavier para a secretaria – mas, à época, a PF não o liberou para ocupar o cargo.

Especialistas e ambientalistas veem a indicação de Xavier como uma forma de dificultar a demarcação de terras indígenas no Brasil. Vale lembrar que, sob a gestão de Xavier e o governo de Jair Bolsonaro, a Funai mudou de posição e passou a apoiar a tese do Marco Temporal, que está em julgamento no Supremo Tribunal Federal.

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