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Policiais federais vão às ruas contra o governo Bolsonaro
Os representantes das forças de segurança reclamam de falta de clareza em vários itens da Reforma Administrativa proposta pelo Planalto


Policiais federais e várias categorias de servidores públicos vão às ruas nesta quarta-feira 23 contra a Reforma Administrativa proposta pelo governo do presidente Jair Bolsonaro que tramita na Câmara dos Deputados.
“Esta mudança constitucional não busca a eficiência ou maior profissionalização dos serviços públicos, como educação, saúde, segurança pública, justiça, assistência social, previdência, meio ambiente, dentre outros fundamentais para o desenvolvimento humano, social, cultural, institucional e econômico do país. Busca atender a interesses estranhos aos do povo brasileiro”, diz a nota das instituições que convoca para o ato.
“A sociedade brasileira demorou séculos para consolidar um serviço público eficiente, de carreira, sem apadrinhamentos e dominação politiqueira. E estamos vendo a triste e vergonhosa manipulação da opinião pública, com medidas como essa, de desmonte dos serviços públicos e das redes de proteção social, com reflexos nocivos ao desenvolvimento nacional, agora agravada com o risco de ter um serviço público influenciado pelo patrimonialismo, clientelismo e ingerências políticas de toda ordem”, acrescenta.
Os representantes das forças de segurança reclamam da falta de clareza em vários itens. O presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais, Luís Antônio Boudens, defende que a melhor alternativa seria o governo federal reiniciar as discussões sobre a reforma.
“Não foram apresentados dados que demonstrem como a reforma impactaria as contas públicas”, diz.
Não é a primeira vez que integrantes da PF ficam insatisfeitos com Bolsonaro. Em 2019, na Reforma da Previdência, o governo não incluiu policiais civis, rodoviários e federais no mesmo pacote dos militares, com regras mais brandas. Depois, veio a PEC Emergencial, em que os profissionais ficaram sujeitos ao congelamento salarial caso as despesas da União, de estados e municípios chegassem a 95% da receita corrente.
Leia a nota sobre a mobilização.
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