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Megaoperação contra o Comando Vermelho no Alemão deixa 3 mortos e prende 12 pessoas
Desde as primeiras horas da manhã, intensos tiroteios ocorreram na comunidade


As polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro deflagraram uma operação contra a facção criminosa Comando Vermelho (CV), no Complexo do Alemão, na capital carioca, nesta quarta-feira 15.
O objetivo é desarticular o núcleo financeiro do grupo criminoso, conhecido como ‘Caixinha do CV’. Os agentes tentam cumprir 14 mandados de prisão e, até agora, doze pessoas foram presas.
Os criminosos reagiram à ação. Desde cedo, intensos tiroteios tomaram a comunidade, deixando três suspeitos mortos. Há quatro feridos, incluindo um policial militar. Os traficantes ergueram barricadas e jogaram óleo na rua para impedir que os blindados da polícia avançassem.
Também há relatos de que os agentes estariam revistando casas sem autorização judicial e verificando celulares de moradores, embora a PM e a PC ainda não tenham se pronunciado sobre as denúncias.
O núcleo financeiro do CV é abastecido com recursos obtidos através de diversos crimes, que vão do tráfico ao roubo de veículos. As investigações sobre a operação do grupo são conduzidas pelo Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado, o Gaeco, que suspeita que os criminosos ocultam valores ilícitos que passam dos 21 milhões de reais, obtidos através de quase 5 mil operações financeiras.
A Secretaria de Segurança do Rio suspeita que o plano de ação do Gaeco tenha sido vazado. Na noite da última terça-feira 14, por exemplo, o grupo criminoso já tinha conhecimento de que haveriam policiais na comunidade. O secretário da Polícia Civil, Felipe Curi, porém, sustenta que essa eventual divulgação antecipada “não prejudicou a operação”.
A operação não se limita ao Rio de Janeiro. Agentes também atuam na Bahia e na Paraíba em busca de envolvidos nos crimes investigados.
A ‘Caixinha do CV’
As investigações sobre o esquema financeiro do Comando Vermelho começaram ainda em 2019, quando os policiais prenderam Elton da Conceição, conhecido como “PQD da CDD”, na Cidade de Deus. À época, as autoridades concluíram que o dinheiro arrecadado pelo crime servia à construção de um fundo financeiro, que seria usado para comprar armas, munições e drogas; conceder empréstimos para a tomada de territórios; pagamentos a integrantes do CV presos; e pagamento de propina a agentes públicos.
Para movimentar o dinheiro, os criminosos faziam depósitos e saques em valores abaixo de 10 mil reais. Essa é uma forma de sacar e depositar em espécie, com o objetivo de gastar o dinheiro e impedir a identificação da sua origem.
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