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Ódio, fanatismo e ‘indústria de desinformação’ de Bolsonaro impulsionaram o 8/1, diz Gilmar Mendes
Para o decano da Suprema Corte, eventos golpistas reverberaram ‘ideologia rasteira’


O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relembrou os atos golpistas do 8 de Janeiro – que completam dois anos nesta terça-feira 8 -, dizendo que eles foram impulsionados pelo “discurso de ódio, o fanatismo político e a indústria de desinformação” disseminados pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Para o decano da Suprema Corte, “o extremismo e a intolerância atingiram o seu ápice” nos atos realizados há dois anos. Considerando “um episódio jamais visto e que deixou marcas indeléveis na história brasileira”, Mendes salientou que a prática golpista foi “incitada por ampla mobilização nas redes sociais”.
Segundo ele, o 8 de Janeiro foi “a reverberação de uma ideologia rasteira que inspirou uma tentativa de golpe surgida como uma reação violenta à vitória eleitoral do atual presidente da República”.
Essa reação, segundo o magistrado, “decorre dos impulsos que já vinham sendo largamente disseminados na gestão anterior [o governo Bolsonaro]: o discurso do ódio, o fanatismo político e a indústria da desinformação”.
Bolsonaro, por outro lado, estimula que o Congresso aprove a anistia para os presos pelo 8 de Janeiro, o que, desde que a Polícia Federal (PF) divulgou a trama golpista que envolvia pessoas importantes do seu entorno político, vem perdendo força. Até agora, o STF já condenou 371 pessoas envolvidas no 8 de Janeiro.
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