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Obsessão de Bolsonaro, voto impresso é rejeitado em comissão da Câmara

Foram 23 votos contrários e 11 favoráveis ao parecer de Filipe Barros; novo relator produzirá um segundo texto

Foto: Reprodução/TV Câmara
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Uma comissão especial da Câmara dos Deputados rejeitou, na noite desta quinta-feira 5, um parecer em defesa da impressão do voto nas eleições. O tema se transformou na principal obsessão de Jair Bolsonaro e de sua tropa de choque no Congresso.

Os deputados analisaram o parecer do relator, Filipe Barros (PSL-PR), sobre o projeto apresentado originalmente pela deputada bolsonarista Bia Kicis (PSL-DF). Foram 23 votos contrários, ante 11 favoráveis.

Em substitutivo apresentado na quarta-feira 4, Barros defendeu a adoção de uma “contagem pública e manual dos votos impressos”. Bolsonaro tem justificado a adoção da medida com ataques infundados ao atual sistema eleitoral brasileiro.

A versão também ganhou um dispositivo que reduz o poder do Tribunal Superior Eleitoral nas investigações sobre processos de votação e outro que permite ao eleitor acompanhar a contagem manual de votos. Havia ainda uma alteração que, segundo especialistas, derrubaria a regra de que as mudanças só poderiam ocorrer um ano após aprovadas, ou seja, elas teriam validade imediata e para 2022.

Antes da votação, somente PSL, PP, Republicanos, PTB e Podemos orientaram a favor do texto de Filipe Barros. Enquanto isso, PT, PL, PSD, MDB, DEM, PSDB, PSB, Solidariedade, PSOL, PV e Rede se manifestaram contra. Cidadania e Novo liberaram suas bancadas.

Apesar da decisão desta quinta, a proposta tende a ser levada ao plenário da Câmara. As comissões especiais têm caráter opinativo e, por isso, a palavra final sobre PECs cabe ao conjunto da Casa. Antes disso, um novo parecer será elaborado pelo deputado Júnior Mano (PL-CE) e apreciado em reunião da comissão nesta sexta-feira 6.

A sessão desta quinta estava marcada para às 14h, mas foi adiada duas vezes e só teve início após as 20h. A demora fez o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmar que a proposta pode ser avocada pelo plenário se a comissão especial ultrapassar as 40 sessões da Câmara sem conseguir aprovar o relatório.

Antes da sessão, o deputado Junior Bozzella (PSL-SP) afirmou a CartaCapital que, no plenário, não haveria facilidade para a aprovação. Segundo ele, “existe um senso crítico muito apurado entre a maioria dos parlamentares que compõem a Câmara”. Questionado sobre o tema, Orlando Silva (PCdoB-SP) também negou que a chance de aprovação aumente caso a PEC vá ao plenário.

Veja como votou cada deputado:

Contra:

Geninho Zuliani (DEM-SP)

Kim Kataguiri (DEM-SP)

Raul Henry (MDB-PE)

Valtenir Pereira (MDB-MT)

Júnior Mano (PL-CE)

Márci Alvino (PL-SP)

Edilazio Junior (PSD-MA)

Fábio Trad (PSD-MS)

Rodrigo Maia

Tereza Nelma (PSDB_AL)

Paulo Ramos (PDT-RJ)

Perpétua Almeida (PCdoB-AC)

Marreca Filho (PATRIOTA-MA)

Orlando Silva (PCdoB-SP)

Israel Batista (PV-DF)

Bosco Saraiva (SOLIDARIEDADE-AM)

Arlindo Chinaglia (PT-SP)

Carlos Veras (PT-PE)

Odair Cunha (PT-MG)

Aliel Machado (PSB-PR

Milton Coelho (PSB-PE)

Fernanda Melchionna (PSOL-RS)

Paulo Ganime (Novo-RJ)

A favor:

Evair de Melo (PP-ES)

Guilherme Derite (PP-SP)

Pinheirinho (PP-MG)

Bia Kicis (PSL-DF)

Eduardo Bolsonaro (PSL-SP)

Filipe Barros (PSL-PR)

Aroldo Martins (REPUBLICANOS-PR)

Marco Feliciano (REPUBLICANOS-SP)

Paulo Martins (PSC-PR)

Paulo Bengtson (PTB-PA)

José Medeiros (PODE-MT)

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