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Nísia Trindade rebate críticas do Centrão: ‘Tenho feito muitas entregas, ao contrário do que andam dizendo’
Nísia afirma que, apesar da pressão, ministério da Saúde não cederá controle sobre verbas e descarta mudanças no comando da pasta


A ministra da Saúde, Nísia Trindade, afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não vai entregar a pasta aos partidos do Centrão, em especial o PP, que articulava nos bastidores a demissão da ministra. Em entrevista ao jornal O Globo publicada nesta segunda-feira 26, a ministra rebateu os ataques que enfrenta de integrantes do bloco.
Para ela, os ataques direcionados contra sua atuação fazem parte de uma disputa política, já em fase de superação. Seu perfil ‘discreto’, diz, foi um dos causadores de dificuldades.
“Tenho feito muitas entregas, ao contrário do que andam dizendo nesse processo de fritura”, afirma. “Estamos em um contexto de disputa política. Tenho um perfil muito discreto e às vezes discrição demais atrapalha”, admite a ministra em referência ao pedido de Lula por mais visibilidade das ações da pasta.
De acordo com a ministra, o governo de Jair Bolsonaro desviou o foco do uso das emendas parlamentares, o que gerou a principal “confusão” nas queixas sobre o ritmo de liberação das verbas atualmente.
“As emendas deveriam ser para fazer investimentos, não para gastos de custeio. Hoje muitos municípios dependem das emendas para cobrir folha de pagamento. Estamos buscando corrigir essas distorções”, esclarece.
Nísia afirma que, motivada pelas queixas, tem ampliado as reuniões com parlamentares, mas ressalta que o ministério não renunciará aos controles sobre a aplicação do dinheiro público na saúde.
Na semana passada, a ministra chegou a se reunir com Arthur Lira (PP-AL) para tratar, segundo ela, ‘assuntos técnicos’. O presidente da Câmara dos Deputados é apontado como um dos principais articulares da pressão sofrida pela ministra, embora tenha negado boatos de que seu partido estaria interessado no comando do ministério.
Sobre o tema, ela se limitou a dizer ao jornal que tem boas relações com o parlamentar. “Muito formal, sem nenhum problema”, resumiu sobre sua relação com Lira.
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