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MST acusa fazendeiros e grileiros de atear fogo contra acampamento no DF

O caso aconteceu na quarta-feira 4, segundo o movimento, que cobra respostas das autoridades

Créditos: Divulgação
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O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra do Distrito Federal acusa fazendeiros e grileiros de atearem fogo contra a ocupação Ana Primavesi, localizada no núcleo rural Rio Preto, em Planaltina. O caso aconteceu na quarta-feira 4, segundo o movimento, que ainda cita vítimas de queimaduras e ferimentos após o ataque considerado ‘criminoso’.

O MST estima que cerca de 300 famílias estejam acampadas desde o sábado 30, como forma de denunciar os agravos da especulação imobiliária que avança sobre a região, pública e não regularizada. O movimento também cobra a retomada da política de Reforma Agrária no Distrito Federal. Fazendeiros e grileiros, por sua vez, reivindicam posse da área e têm atuado para deixar os acampados sem família e água, conforme denunciam os sem-terra.

O ataque com fogo ao acampamento aconteceu mesmo após o Tribunal de Justiça do DF, via Vara de Meio Ambiente, Desenvolvimento Urbana e Fundiário, negar um pedido liminar de reintegração de posse da ocupação. O juiz Carlos Maroja avaliou um pedido de regularização por parte dos fazendeiros que alegaram ser ‘absolutamente legal’ a situação de posse da área.

Em sua decisão, o magistrado destacou: “Ora, não se ‘regulariza’ o que é absolutamente legal. A necessidade de regularização denota, a rigor, situação de ilegalidade, que é exatamente o que deve ser regularizado”. A decisão possibilitou às famílias permanecerem no local. Há um procedimento de regularização fundiária tramitando junto aos órgãos públicos.

Também nesta quarta-feira integrantes do MST e parlamentares estiveram no local, caso da deputada federal Érika Kokay (PT-DF), e o deputado federal João Daniel (PT-SE), Gabriel Magno, representando o gabinete da deputada distrital Arlete Sampaio (PT-DF) para mediar o conflito. As lideranças tentavam negociar a passagem de um caminhão com mantimentos, o que, segundo eles, foi negado pelos fazendeiros, que permitiram somente a entrada de água e leite, insuficientes para a alimentação das famílias acampadas.

“Mesmo com o MST buscando uma negociação junto ao governo para resolver a questão, os fazendeiros seguem com os ataques”, afirmou a direção do MST no Distrito Federal, que pede urgência aos órgãos competentes para que os criminosos cessem os ataques, antes que uma tragédia ainda maior aconteça.

O MST ainda acusa policiais de terem estado no local, mas de não terem prestado socorro às vítimas do incêndio.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do DF nega a versão do MST. A pasta informou que a Polícia Militar esteve ‘presente no Núcleo Rural Rio Preto em Planaltina (DF) apenas para garantir a ordem e integridade física dos ocupantes do acampamento Ana Primavesi e produtores locais, não havendo ação de reintegração de posse’.

Acrescentou ainda que, na quinta-feira 5, ‘foi ateado fogo pelos acampados por volta das 13h30. Devido ao mato seco, as chamas se alastraram pela área do acampamento e pelas propriedades vizinhas’. Segundo a Secretaria, os membros do acampamento impediram inicialmente a entrada do Corpo de Bombeiros nas propriedades incendiadas, tendo a corporação acesso somente ao acampamento. “Posteriormente a situação foi contornada e o incêndio controlado. Não houve feridos”, informou.

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