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Moro sai em defesa de Alvaro Dias por doação de Youssef: ‘Ninguém sabia quem era ele’
O ex-juiz e ex-ministro de Bolsonaro, hoje presidenciável pelo Podemos, ainda afirmou que ‘nem conhecia o senador’
O pré-candidato à Presidência pelo Podemos, Sergio Moro, saiu em defesa do senador Alvaro Dias (PR), seu colega de partido, por ter recebido uma doação do doleiro Alberto Youssef para a campanha ao Senado em 1998 – à época, pelo PSDB.
“Eu nem conhecia o senador. Ninguém sabia quem era Alberto Youssef na época. Ele começou a ser processado em 2003, no caso Banestado. Depois, foi condenado, preso na Lava Jato”, disse o ex-juiz em entrevista à Rádio Capital FM, do Mato Grosso, nesta quarta-feira 29.
Moro ainda declarou que Youssef “foi preso e pagou pelos crimes dele”, mas “não pagou tudo o que deveria, porque fez acordo”.
“Ainda assim, ficou quatro anos preso. Qual criminoso de colarinho branco fica quatro anos preso no Brasil?”, completou o ex-ministro de Jair Bolsonaro.
Segundo o jornal Folha de S.Paulo, empresas de Youssef pagaram 21 mil reais (88 mil reais corrigidos) à campanha de Dias há 23 anos. O repasse ocorreu mediante a utilização de jatinhos cedidos pelo doleiro.
Na Lava Jato, Moro condenou Youssef, que, por sua vez, deixou o regime fechado após formalizar um acordo de delação premiada. A expediente semelhante o então juiz recorreu nos anos 2000, quando condenou Youssef no âmbito do caso Banestado. O doleiro também deixou a prisão depois de delatar.
À Folha, Alvaro Dias disse que suas contas em 1998 foram aprovadas pela Justiça Eleitoral e que, embora não conhecesse Youssef, “naquele momento não havia nenhum fato que o desabonasse”.
Apesar do que alegam Moro e Dias, porém, Youssef chamou a atenção das autoridades pelas primeira vez nos anos 1980, quando teria atuado no contrabando de uísque e de outros produtos do Paraguai. Ele já foi preso sob acusação de contrabando.
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