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Moro associa Bolsonaro a milicianos e não menciona que fez parte do governo

Durante o período em que esteve à frente da Justiça, ex-juiz colecionou omissões diante de crimes cometidos pelo bolsonarismo

Foto: Marcos Corrêa/PR
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O ex-juiz Sergio Moro (Podemos) publicou nas redes sociais nesta quarta-feira 5 que está a caminho da Paraíba, onde pretende iniciar uma série de viagens em uma ‘jornada para salvar o Brasil de milicianos e pelogos’, uma clara referência aos governos de Jair Bolsonaro (PL) e do PT.

“Depois das festas de fim de ano, começo hoje a rodar o Brasil. Nesta semana, estarei na Paraíba. Conto com vocês nessa jornada que está só começando. Temos um país para salvar de uma triste polarização entre pelegos e milicianos”, escreveu Moro em seu perfil.

Moro ocupou o Ministério da Justiça e Segurança Pública do atual governo até abril de 2020. O ex-juiz era tido desde o início como o principal ministro de Bolsonaro, no mesmo patamar do ‘guru de campanha’ Paulo Guedes. Não por acaso, sua pasta era chamada de ‘superministério’, justamente por reunir atribuições antes repartidas entre outros chefes.

Durante o período em que esteve à frente da Justiça, Moro colecionou omissões diante de crimes cometidos pelo clã Bolsonaro, fato admitido pelo próprio em seu novo livro, que revela bastidores da Operação Lava Jato e de sua atuação como fiador do presidente. Diante das irregularidades dos ‘milicianos’, diz que se calou para ‘proteger a Polícia Federal’.

Em março de 2020, ainda figura bem quista no bolsonarismo, Moro saiu em defesa do chefe e chegou afirmar que Bolsonaro não tinha qualquer ligação com milícias. A nova declaração, portanto, contradiz o que foi dito em entrevista concedida ao canal GloboNews na época. A mudança de opinião reforça a omissão relatada em seu livro enquanto esteve no governo.

Vale lembrar ainda que, quando juiz, Moro foi o responsável por tirar Lula (PT) da disputa presidencial, facilitando o caminho do seu futuro chefe ao poder. Mais tarde, o processo foi considerado parcial pela Justiça, que anulou as condenações, devolvendo os direitos políticos e a liberdade ao petista.

Ironicamente, Moro agora diz que irá combater o governo que não apenas ajudou a colocar no poder, como também ocupou cadeira de prestígio, sem qualquer embaraço, por mais de 1 ano.

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