CartaExpressa

Ministro da Defesa reclama de menção a Forças Armadas em voto contra Bolsonaro no TSE

Segundo José Múcio, faltou ‘delimitar melhor’ qual papel os militares tiveram na tentativa de golpe mencionada por Benedito Gonçalves em seu voto

Ministro da Defesa reclama de menção a Forças Armadas em voto contra Bolsonaro no TSE
Ministro da Defesa reclama de menção a Forças Armadas em voto contra Bolsonaro no TSE
O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro. Foto: Evaristo Sá/AFP
Apoie Siga-nos no

O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, expressou, nesta quarta-feira 28, descontentamento com a citação a militares no voto do relator da ação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Para ele, o ministro Benedito Gonçalves deveria ter ‘delimitado melhor’ quem seriam os integrantes das Forças Armadas que se envolveram na trama golpista analisada na Corte.

“Forças Armadas é coletivo. Oficial é singular. Então, faltou explicar. Você pode ter alguns oficiais que tiveram simpatia [pelo golpe], mas as instituições, em momento nenhum”, reclamou Múcio ao jornal O Estado de S. Paulo na noite desta quarta-feira.

“A nós todos interessa a apuração. Será muito mais fácil trabalhar na Defesa quando esse grau de suspeição se esvair”, completou o ministro na entrevista.

Gonçalves, em seu voto, destacou que as Forças Armadas durante o último governo tiveram ‘papel central’ na estratégia de Bolsonaro contra o TSE, urnas e sistema eleitoral. Os militares, neste entendimento, seriam um dos pilares ‘instrumentalizados’ pelo ex-capitão no projeto que culminou nos ataques a Brasília no dia 8 de Janeiro. O ministro chegou a usar a frase ‘flerte nada discreto com o golpismo’ para tratar dos fardados no caso.

“Quando tem um jogador indisciplinado, o juiz só manda ele sair de campo. O resto fica”, insistiu o ministro ao jornal ao tratar do trecho em questão.

O julgamento de Bolsonaro no TSE entra no seu terceiro dia nesta quinta-feira 29. Até aqui, apenas o relator votou e optou pela condenação de Bolsonaro no caso. Outros seis votos devem ser dados nesta sessão – se não for interrompida por um pedido de vista. O ex-capitão é acusado de abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação estatal por conta da reunião com embaixadores no Palácio da Alvorada, em julho de 2022. No evento, o então presidente, sem provas, falou em “fraude” nas eleições de 2018 e questionou a lisura do processo eleitoral e das urnas eletrônicas. O evento foi transmitido na íntegra pela TV Brasil.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo