O ministro da Economia, Paulo Guedes, reclamou nesta segunda-feira 30 de um manifesto pela harmonia entre os Poderes assinado pela Federação Brasileira de Bancos. Segundo ele, a divulgação está suspensa e “alguém” da entidade teria transformado o documento em um ataque ao governo de Jair Bolsonaro.
“A informação que tenho é que havia um manifesto em defesa da democracia, que não haveria problema nenhum, e que alguém na Febraban teria mudado isso para, em vez de ser uma defesa da democracia, ser um ataque ao governo. Aí a própria Fiesp teria dito: ‘Então não vou fazer esse manifesto’. E o manifesto está até suspenso por causa disso. Não estão chegando a um acordo”, disse o ministro após uma reunião com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG).
A repercussão do manifesto, antes mesmo de sua publicação, fez com que a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil ameaçassem deixar a Febraban. A decisão das duas instituições deve ser oficializada se o texto for divulgado.
“Todas as opiniões são respeitáveis. Pela democracia, nenhum problema. Mas não foi o que eles disseram, disseram que seria contra o governo”, prosseguiu Guedes.
“Eu acho que cada um deve fazer seu papel. A Febraban está bastante ativa na reforma tributária, defendendo bastante o interesse dos bancos na reforma tributária, o que é normal e louvável, e acho que se ela defender a democracia também é muito bom. Nós queremos defesa da democracia, das reformas”, completou Paulo Guedes.
Outro lado
A Febraban emitiu uma nota de esclarecimento na tarde desta segunda em que desmente o ministro da Economia. No texto, a federação destaca que o manifesto articulado pela Fiesp e “elaborado por representantes de diversos setores, inclusive o financeiro”, buscava harmonia, não atacar o governo ou fazer oposição à política econômica.
Leia a nota:
“O manifesto ‘A Praça é dos Três Poderes’, articulado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e apresentado na última quinta-feira às entidades empresariais com prazo de resposta até 17 horas da sexta-feira, é fruto de elaboração conjunta de representantes de vários setores, inclusive o financeiro, ao longo da semana passada.
Desde sua origem, a FEBRABAN não participou da elaboração de texto que contivesse ataques ao governo ou oposição à atual política econômica. O conteúdo do manifesto pedia serenidade, harmonia e colaboração entre os Poderes da República e alertava para os efeitos do clima institucional nas expectativas dos agentes econômicos e no ritmo da atividade.
A FEBRABAN submeteu o texto a sua própria governança, que aprovou ter sua assinatura no material. Nenhum outro texto foi proposto e a aprovação foi específica para o documento submetido pela FIESP. Sua publicação não é decisão da federação dos bancos. A FEBRABAN não comenta sobre posições atribuídas a seus associados.
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