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Ruralistas culpam Bolsonaro e aliados por veto da China à carne brasileira
A suspensão já dura quase seis semanas. ‘Desde o começo alertamos que nossos grandes consumidores estão no Oriente’, diz Neri Geller


Líderes da bancada ruralista no Congresso Nacional acreditam que o veto da China à carne brasileira é resultado, em menor ou maior grau, pelo comportamento errático do presidente Jair Bolsonaro. A informação é do jornal Folha de S.Paulo.
No início de setembro, o Brasil suspendeu voluntariamente os embarques da proteína ao país asiático depois da confirmação de dois casos de doença da vaca louca em diversos frigoríficos nacionais.
Bolsonaro e aliados já disseram que a China criou a Covid-19 e sugeriram que o parceiro comercial faz guerra biológica com o coronavírus.
“Acho que o governo melhorou nos últimos seis meses, tirou o ingrediente ideológico e entrou a questão mais pragmática e comercial, que tem que prevalecer. Mas tem, sim, um rescaldo, que atrapalhou e atrapalha”, disse ao jornal Neri Geller (PP-MT), vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária e ex-ministro da Agricultura.
“Desde o começo do governo nós da base alertamos que, ainda que o alinhamento ideológico seja com os Estados Unidos, nossos grandes parceiros comerciais consumidores estão no Oriente. Nosso maior comprador é a China. Precisamos ter um cuidado muito especial com esses países. E esse embargo prejudica muito”, acrescentou.
De acordo com o jornal Financial Times, autoridades brasileiras estão perplexas com a decisão da China. De acordo com a publicação, muitos esperavam que, com nenhum sinal da doença, as exportações retomassem rapidamente. A suspensão já dura quase seis semanas.
“O Brasil foi totalmente transparente com as autoridades sanitárias chinesas. Temos respondido prontamente a todos os pedidos de informação dirigidos a nós. Além disso, solicitamos uma reunião técnica, ainda não agendada pelas autoridades chinesas, que afirmam estar analisando as informações que enviamos”, disse um funcionário do Ministério da Agricultura.
“Não podemos estabelecer uma data para a retomada das exportações de carne bovina para a China porque a decisão não depende de nós”, acrescentou.
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