Dois convênios realizados com emendas do atual ministro das Comunicações, Juscelino Filho, teriam beneficiados uma propriedade do próprio político. Somados, os valores totalizam 10 milhões de reais e se baseiam em recursos da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). Além disso, o atual ministro teria utilizado recursos estatais para beneficiar uma empresa própria. As informações, publicadas nesta quinta-feira 23, são do jornal Folha de S. Paulo.
De acordo com a publicação, um dos convênios bancou a recuperação de uma estrada que liga a cidade de Vitorino Freire (MA) e uma propriedade da família de Juscelino Filho, conhecida como Fazenda Alegria. O município maranhense é um reduto eleitoral do ministro. Já o segundo convênio teria custeado um contrato para pavimentar a via.
No último mês de setembro, a irmã dele, Luanna Rezende, chegou a ser alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) contra supostos desvios da Codevasf para a mesma finalidade: asfaltar uma rodovia que beneficiava a propriedade da família. Pouco tempo depois, ainda em setembro, Rezende foi reconduzida à prefeitura por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
Os dois convênios datam do período em que Juscelino Filho era deputado federal e ainda não integrava o governo Lula (PT). Segundo a matéria, a primeira emenda, por exemplo, foi calculada no valor de 2,56 milhões de reais, e foi responsável por recuperar a estrada que liga o distrito de São João do Grajaú ao povoado de Estirão, onde fica a fazenda de Juscelino Filho. Os recursos foram utilizados entre 2017 e 2019.
O suposto uso dos recursos não beneficiou apenas a propriedade, porém. Segundo a publicação, a obra teria sido executada pela empresa Arco Construção, que, segundo a PF, também é de propriedade de Juscelino Filho. O atual ministro nega que seja dono da Arco Construção.
Ao jornal, a defesa de Juscelino Filho disse que considera “absurdas as ilações de que Juscelino tenha tido qualquer proveito pessoal com sua atividade parlamentar”. Segundo os advogados, “trata-se de mais um ataque na tentativa de criminalizar as emendas parlamentares, um instrumento legítimo e democrático do Congresso Nacional, enquanto não há absolutamente nada que desabone a atuação de Juscelino Filho no Ministério das Comunicações”.
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