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Galípolo não pode ‘dar cavalo de pau’ nos juros, diz Lula

Após subida da Selic para 13,25% ao ano, Lula pediu ‘paciência’ e garantiu que tem ‘100% de confiança’ no trabalho do presidente do BC

Galípolo não pode ‘dar cavalo de pau’ nos juros, diz Lula
Galípolo não pode ‘dar cavalo de pau’ nos juros, diz Lula
Presidente da República, Luiz Inácio da Silva, durante coletiva à imprensa, no Palácio do Planalto. Brasília - DF. Foto: Ricardo Stuckert / PR
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) parece resignado com o novo aumento da taxa básica de juros do país, feito na última terça-feira 29. Ao menos, em relação ao papel do presidente do órgão, Gabriel Galípolo, na decisão. 

O chefe do BC não poderia dar “um cavalo de pau em um mar revolto”, disse o petista, em conversa com jornalistas nesta quinta-feira 30, em Brasília (DF).

Lula reconheceu que “já estava praticamente demarcada a necessidade da subida de juros”, pelo que já vinha sendo indicado pelo ex-presidente do BC, Roberto Campos Neto, que deixou o cargo no final de dezembro. Para Lula, “Galípolo fez aquilo que ele entendeu que deveria fazer”.

Apesar da subida na Selic – Lula vem sendo um crítico habitual aos aumentos, alertando para os impactos no consumo da população -, o petista demonstrou confiança no trabalho de Galípolo. “Temos que ter paciência. Eu tenho 100% de confiança no trabalho do presidente do BC e tenho certeza de que ele vai criar as condições de entregar ao povo brasileiro uma taxa de juros menor no tempo que a política permitir que ele faça”, disse.

Na reunião desta semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, de maneira unânime, elevar a Selic de 12,25% para 13,25% ao ano. O aumento de um ponto percentual já era esperado.

A escalada da taxa básica de juros não deve parar no curto prazo. O próprio BC já indicou que deverá seguir subindo a Selic, pelo menos, durante o primeiro semestre deste ano. O mercado espera que o indicador-base dos juros no país chegue próximo a 15% ao ano.

O aumento da taxa de juros tem duas consequências imediatas: ele torna mais caro os financiamentos – a exemplo de imóveis e carros – e torna mais caras as despesas públicas. Entretanto, do ponto de vista da entidade monetária, a medida é necessária para tentar conter a subida dos preços no Brasil, que foi detectada nos últimos meses e deverá ser uma realidade em 2025. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação no ano passado ficou em 4,83%, acima do teto da meta.

O tom mais moderado em relação à mais recente subida da Selic não foi adotado apenas por Lula, mas pelo governo, de modo geral. Na última quarta-feira 29, por exemplo, o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, reconheceu que a decisão “não tinha como sair disso”. Entretanto, segundo ele, Galípolo e a diretoria do BC “vão ter que assumir responsabilidades para não entrar na mesma rotina de aumento de juros”.

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