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Funcionário do Ministério da Saúde diz que tomava um ‘chopp casual’ quando Dominguetti tentou vender vacina

Ex-diretor do Ministério da Saúde afirma que não marcou com o representante da Davati, mas o encontrou por acaso

Roberto Ferreira Dias, ex-diretor de logística do Ministério da Saúde. Foto: Pedro França/Agência Senado
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Roberto Ferreira Dias, ex-diretor de logística do Ministério da Saúde, alega que não marcou um encontro fora da agenda oficial com Luiz Dominguetti, representante da Davati, para tratar de vacinas.

Segundo contou em depoimento à CPI da Covid no Senado, ele tomava um ‘chopp casual’ com um amigo [José Ricardo Santana, ex-servidor da Anvisa] quando foi abordado por Dominguetti e pelo coronel Marcelo Blanco, ex-servidor da Saúde, com a oferta de 400 milhões de doses de vacina.

Dias afirma então que não ofereceu propina, nem negociou a compra, apenas marcou uma reunião oficial, que ocorreu no dia seguinte, com Dominguetti para se certificar da existência das doses. Segundo Dias, a existência não foi comprovada e por isso a negociação não avançou.

A história, no entanto, é bem diferente da versão contada por Luiz Dominguetti. Na versão do vendedor, o encontro não ocorreu por acaso, mas a convite de Dias e Blanco. No jantar, Dias teria feito um pedido de propina de 1 dólar por dose de vacina para que a negociação das 400 milhões de doses avançasse no Ministério. De acordo com Dominguetti, o negócio não se concretizou pois teria se recusado a pagar a propina.

‘Chopp casual’ vira piada na CPI

O ‘chopp casual’ também não convenceu a cúpula da CPI, chegando a ser tratado em tom de piada pelo presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM).

Em determinado momento, ao conversar com Renan Calheiros (MDB-AL) fora do microfone, Aziz foi questionado pelo governista Marcos Rogério (DEM-RO) sobre qual seria o assunto.

“Estou marcando com o Renan uma conversa pra mais tarde, um chopp. O senhor [Marcos Rogério] está convidado, já que é seu aniversário”.

Na internet, o ‘chopp casual’ também não foi ‘perdoado’.

No Twitter, a cantora Teresa Cristina publicou: “Depois de quantos chopes vocês começam a negociar vacina?”

“Quem nunca foi pra um chopp no shopping com um amigo, na pandemia, e por coincidência conheceu o representante de vendas de uma negociação de bilhões de reais?”, ironizou o biólogo Atila Iamarino.

“Roberto Dias vai tomar um chopp casual e recebe uma proposta de 400 milhões de vacinas. As definições de happy hour foram atualizadas com sucesso.”, destacou Rozana Barroso, presidenta da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas, a Ubes.

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