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Forças Armadas devem ficar ‘quietinhas’ e abandonar ‘vassalagem’ a Bolsonaro, diz Joaquim Barbosa
O ex-magistrado criticou a participação do ministro da Defesa em uma audiência da Câmara dos Deputados


O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa criticou a participação do ministro da Defesa, o general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, em uma audiência da Câmara dos Deputados na quarta-feira 6.
Barbosa reproduziu nas redes sociais uma das declarações de Oliveira na sessão: “As Forças Armadas estavam quietinhas em seu canto e foram convidadas pelo TSE a participarem dessa Comissão de Transparência Eleitoral”.
“Ora, general, as Forças Armadas devem permanecer quietinhas em seu canto, pois não há espaço para elas na direção do processo eleitoral brasileiro. Ponto”, devolveu o ex-magistrado, para quem “insistir nessa agenda de pressão desabrida e cínica sobre a Justiça Eleitoral, em clara atitude de vassalagem em relação a Bolsonaro, que é candidato à reeleição, é sinalizar ao mundo que o Brasil caminha paulatinamente rumo a um golpe de Estado”.
Joaquim Barbosa emendou: “Um aspecto importantíssimo, que singulariza o Brasil no concerto das democracias, reside precisamente no seguinte: temos um ramo da Justiça, independente, concebido precisamente para subtrair o processo eleitoral ao controle dos políticos. E dos militares de casaca, claro”.
Em palestra nos Estados Unidos nesta quarta, o presidente do TSE, Edson Fachin, defendeu a participação das Forças Armadas nas eleições deste ano se a real intenção dos militares for “colaborar’”, não “intervir” no processo.
O magistrado também cobrou que os militares cumpram seu papel institucional, sem que sirvam a interesses de quem está “transitoriamente” no governo.
“Cada uma das instituições brasileiras precisa cumprir o seu papel nos limites que a legislação e a Constituição atribuem”, discursou Fachin. “Nós, a Justiça Eleitoral, as Forças Armadas e outras instituições como a Polícia Federal […], todas essas instituições são do Estado. Elas não pertencem à titularidade transitória de quem está no governo.”
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