A Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital defendeu, em carta publicada nesta terça-feira 5, a renúncia do ministro da Economia, Paulo Guedes, e do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em meio à revelação de que ambos criaram offshores em paraísos fiscais. A permanência de ambos nos cargos, diz a Fenafisco, seria “escandalosa”.
O caso de Guedes é o que desperta mais atenção. Segundo os Pandora Papers, o agora ministro de Jair Bolsonaro abriu, em 25 de setembro de 2014, a Dreadnoughts International, uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, um paraíso fiscal no Caribe. Nos meses seguintes, a empresa recebeu o aporte de 9,55 milhões de dólares (23 milhões de reais à época, 51 milhões de reais no câmbio atual).
Possuir offshores em paraísos fiscais, destaca a Fenafisco, “representa clara situação de conflito de interesse de duas figuras centrais no comando da política econômica, mesmo não sendo necessariamente crime”.
“Guedes e Campos Neto lucram no exterior com dólar alto enquanto a situação econômica do País se degrada”, prossegue a nota. “Com a denúncia tornada pública por vários veículos da imprensa, se guardassem algum vestígio ético, ambos deveriam deixar imediatamente as funções públicas que exercem”.
A Federação ainda ressaltou “a necessidade de uma reforma tributária ampla, social e justa, com a tributação dos
super-ricos e isenção das camadas mais pobres da sociedade”.
“Não é suportável para o Brasil seguir com as atuais regras fiscais que penalizam os mais pobres com sobrecarga de impostos, enquanto os super-ricos têm mais de 70% de sua fortuna blindadas de tributação, sonegam impostos e ainda escondem dinheiro em paraísos fiscais”.
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